Janeiro Branco: saúde mental enquanto há tempo
Por muito tempo, os cuidados com a saúde mental nas empresas foram deixados em segundo plano. Como uma imagem desfocada, as pessoas que tinham a coragem de buscar ajuda eram constantemente tratadas com indiferença por colegas e lideranças. A transformação desse tipo de comportamento começou com algumas iniciativas, como o Janeiro Branco — a principal delas.
Na população brasileira, a preocupação com o bem-estar mental saltou de 18% (2018) para 52% (2023). Esse pequeno intervalo passa pelos desdobramentos da pandemia da Covid-19. De lá para cá, o tema passou a ter a relevância que se espera em diferentes setores da sociedade.
Especificamente no meio corporativo, motivos para esse movimento de mudança certamente não faltam. De olho na queda do engajamento e na subida do número de afastamentos relacionados a doenças ocupacionais psicossociais, muitas lideranças passaram a admitir a seriedade do problema e a agir de acordo com ela.
Quer saber por que o Janeiro Branco se tornou prioridade em pouco tempo e como tratar o tema na sua organização da maneira adequada? Descubra logo abaixo!
Janeiro Branco e saúde psíquica
Assim como acontece com as demais campanhas de saúde, como o Setembro Amarelo, o Outubro Rosa e o Novembro Azul, o Janeiro Branco é apenas um ponto de partida. No início do ano, a ideia é realizar eventos que coloquem a saúde psíquica em evidência para que empresas e outras instituições criem e mantenham programas de prevenção e de tratamento ao longo de todo o ano.
Ao lado de dezembro, o mês de janeiro é o período no qual as pessoas fazem um balanço de suas vidas e costumam rever os pontos que precisam de ajustes. No começo de cada ano, muita gente planeja cuidar mais do corpo dali para a frente por meio de uma alimentação saudável e da prática regular de atividade física, por exemplo.
O Janeiro Branco vem para mostrar que a época também é propícia para iniciarmos uma fase de maior atenção ao nosso bem-estar psíquico. Quanto mais cedo tivermos essa consciência do autocuidado, menos propensos ficaremos ao agravamento de problemas que, como sabemos, podem culminar na depressão, na TAG (transtorno de ansiedade generalizada) e no temido burnout.
Custos ligados à saúde mental
Se um negócio só existe em virtude do trabalho das pessoas, nada mais natural que o afastamento das atividades laborais prejudique os resultados almejados pela corporação. Com relação à saúde mental, diversos estudos atestam a urgência da questão.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), os quadros leves de transtornos mentais geram uma perda de média de 4 dias de trabalho por ano. Os casos mais graves elevam o número para 200. A estimativa do órgão é que, anualmente, o prejuízo derivado do declínio da produtividade gire ao redor de US$ 1 trilhão.
Entre as raízes do problema, temos os velhos conhecidos já mencionados anteriormente:
estresse;
TAG;
burnout (síndrome do esgotamento profissional).
O burnout é um transtorno de origem emocional que, de maneira emblemática, entrou para a lista de doenças ocupacionais em janeiro do ano passado. Isso, por si só, já é preocupante e, por aqui, o cenário piora. Uma pesquisa realizada com 8 países apontou que o Brasil tem o maior número de colaboradores com burnout.
Vale frisar que funcionários com burnout também tendem a ser bem mais improdutivos do que aqueles que não apresentam a síndrome. Para ser específico, o transtorno faz com que a queda da produtividade seja de 31%. Esses mesmos indivíduos exibem índices de presenteísmo igualmente elevados (acima de 80%).
Sim, muito antes de uma crise causadora de uma espécie de “apagão”, a pessoa afetada pelo burnout sofre uma profunda desconexão com suas atividades de trabalho. É como se ela estivesse presente, mas com a cabeça em outro lugar. Em certos casos, a dificuldade de se concentrar é insustentável, apesar de não surgir nenhuma crise que paralise os sentidos.
O papel do RH no Janeiro Branco
Ao contrário do que parece, a função do RH durante o Janeiro Branco não se limita a divulgar o tamanho do problema vinculado à saúde mental via palestras, workshops e rodas de conversa. A parte informativa desses eventos é indispensável, mas o que os colaboradores realmente esperam é que o setor aproveite o momento para explicar como a empresa cuida (ou pretende cuidar) do bem-estar de todos na prática.
Medidas preditivas
O conjunto de aspectos levantados até aqui revelam que é dever da área de Recursos Humanos utilizar ferramentas e métodos capazes de detectar indícios que apontam para o risco de desenvolvimento ou de agravamento de doenças psicossociais.
A especificação do tipo de transtorno mental costuma ser complicada, mas isso cabe aos especialistas da área psicológica e afins. À empresa, compete identificar que algo está errado, a fim de tomar medidas proativas, como reforçar à equipe que a organização oferece uma ampla rede de psicoterapeutas. O tratamento precoce reduz as chances de piora do quadro.
A metodologia empregada para medir o bem-estar psíquico das pessoas do time acontece, basicamente, por meio de 2 maneiras. A primeira delas é via análise contínua de métricas já conhecidas do RH, como:
produtividade;
absenteísmo;
presenteísmo;
turnover;
frequência de trabalho;
avaliação da aprendizagem — comprometida pela desconcentração;
eNPS (Employee Net Promoter Score) — índice de satisfação dos colaboradores;
clima organizacional.
Existem detalhes que incrementam a avaliação, como a ausência em reuniões ou em outros encontros (formais ou informais) promovidos pela empresa sem razão e os constantes atrasos na entrega de atividades. Há ainda outro fator que merece atenção: a qualidade do sono dos colaboradores.
Claro que nem toda alteração em qualquer um desses indicadores estão associados à piora da saúde mental. Isso explica por que é importante complementar a mensuração com pesquisas internas especificamente voltadas à saúde psíquica dos funcionários. Uma sugestão consiste em apresentar algumas afirmações aos funcionários e, em seguida, questionar o quanto eles concordam ou discordam delas. Exemplos:
meu ambiente de trabalho é saudável e seguro;
tenho liberdade para errar sem ser duramente repreendido por isso;
eu me sinto acolhido pelo meu time;
eu fico tranquilo quando admito que não sei fazer algo e preciso de auxílio para concluir determinada tarefa;
tenho problemas pessoais que têm afetado meu desempenho no trabalho.
Medidas de saúde preventiva e de acompanhamento contínuo
A segunda forma de monitorar o bem-estar psíquico dos colaboradores se relaciona com a prevenção de problemas de saúde mental. Vale a pena ir à raiz do mal-estar mental ou emocional dos colaboradores. O estresse e a ansiedade generalizada, por exemplo, contemplam diversas causas, como:
gargalos na comunicação interna;
volume excessivo de atividades;
metas incompatíveis com a realidade da empresa.
No entanto, é imprescindível lembrar que os funcionários também têm vida pessoal e que, muitas vezes, a instabilidade emocional vem de fora do ambiente corporativo. Nesse contexto, é fundamental oferecer uma assistência médica personalizada, dedicada a entender as necessidades específicas de cada colaborador.
Além da rede de psicoterapeutas que comentamos, sua organização precisa acompanhar de perto tanto a adesão das pessoas aos benefícios de saúde como a evolução de cada quadro de maneira individualizada.
Assim, o RH fica ciente, por exemplo, se os funcionários estão seguindo o tratamento indicado, como o uso de medicação contínua receitada pelo médico. Além disso, o RH passa a ter um time de suporte pronto para tirar quaisquer dúvidas do colaborador sobre saúde física, mental e emocional.
Ao atuar de maneira preditiva e preventiva, com a infraestrutura apropriada, sua empresa tem grandes chances de melhorar a qualidade de vida das pessoas e reduzir o aparecimento de doenças ocupacionais atreladas ao mal-estar mental e emocional.
O Janeiro Branco pode ser apenas o começo de uma profunda transformação no modo como sua empresa lida com a saúde mental de funcionários e de seus familiares. Na Sanus, temos especialistas preparados para amparar os beneficiários do plano de saúde em diferentes cenários e com o foco voltado à prevenção.
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