4 mitos sobre alimentação que você precisa conhecer
Os mitos sobre alimentação sempre fizeram parte de nossa história. Quem nunca ouviu falar, viu ou leu em algum lugar algum alerta a respeito de determinados alimentos, acusados de causar mal-estar? E o que dizer das inúmeras receitas milagrosas para curar os mais variados problemas de saúde? Atualmente, o volume de desinformação relacionada à alimentação verdadeiramente saudável é tanto que fica muito difícil saber o que incluir ou excluir da dieta.
Também é verdade que precisamos ter cautela quando trazemos esse tema à tona. O próprio conceito de saudável merece cuidado, já que isso pode mudar de uma pessoa para outra. Os diferentes tipos de alergia e de intolerância alimentar estão aí para nos lembrar disso. Além da lactose e do glúten, a lista de ingredientes que tendem a causar sensação de desconforto em alguns indivíduos vai longe.
Hoje, reunimos os 4 mitos sobre alimentação que você precisa conhecer para variar o cardápio e cuidar melhor do seu organismo. Confira cada um deles a seguir!
1. Carboidratos são nocivos à saúde
Assim como acontece com muitos outros integrantes do nosso cardápio diário, o carboidrato sustentou fama de vilão durante muito tempo. Há até quem alegue que é possível manter uma dieta equilibrada sem a presença do alimento, o que não poderia ser mais errado.
Na verdade, o ideal é que o consumo diário de carboidratos fique acima de mais da metade de todos os elementos que um indivíduo ingere diariamente. O grande problema é o desequilíbrio. Na prática, o organismo sente tanto os efeitos do excesso quanto da escassez de uma série de alimentos fundamentais para seu pleno funcionamento. Inclusive, até a estrutura do nosso DNA contém uma parte formada de carboidratos.
O que se deve evitar, sempre que possível são os carboidratos de estrutura simples, presentes em refrigerantes, doces, pães brancos, sorvete etc. Esse tipo é rapidamente degradado e absorvido pelo organismo, ao contrário dos carboidratos complexos, encontrados, por exemplo, nestes alimentos:
oleaginosas (nozes, amendoim, avelã etc.);
farelo de aveia;
lentilha;
beterraba
cenoura;
batata doce.
2. Alimentos diet e light são sinônimos de comida saudável
Nem sempre. Há o lado positivo, como esclarecem, inclusive, alguns estudos recentes. Um deles se refere aos efeitos benéficos do sal light, resultante da substituição do sódio pelo potássio na formação dos compostos iônicos (os populares cloretos).
Trata-se de uma pesquisa que compilou 21 trabalhos científicos e contou com a participação de 30 mil voluntários. Uma das conclusões é que a versão substituta do sal reduz a taxa de fatalidade ligada a complicações do sistema cardiovascular, além de diminuir a probabilidade de AVCs (Acidente Vascular Cerebral) e de infartos do miocárdio.
Saindo do sal e partindo para um olhar macro, é importante dizer que o termo light se refere à diminuição de, pelo menos, 25% de uma seleção de ingredientes normalmente presentes na composição de determinados alimentos. Então, essa mudança pode ser aplicada à concentração de gorduras saturadas, do total de colesterol, do açúcar e do próprio sódio — entre outros.
A questão é que a redução de um elemento causa alterações em outros componentes. Em um queijo light, é comum que o rótulo destaque a redução do total de gorduras. No entanto, a modificação é geralmente acompanhada do aumento de sódio. Isso é feito para conservar alguma característica importante daquele alimento.
No caso do mesmo queijo mencionado acima, a intenção é a de preservar a textura. Há alimentos, como sorvetes, que compensam a ausência de açúcar com o acréscimo de gordura, por exemplo. “Mas por quê?”, você pergunta. Aqui, normalmente o objetivo é amenizar a perda da maciez e aroma peculiar.
Já o termo diet é usado para indicar a exclusão total de um elemento nutricional específico, como proteína, gordura, sódio e açúcar. Como você pode ver, não se trata apenas de produtos para pessoas diabéticas. A ideia é fazer com que indivíduos com uma ou mais restrições alimentares tenham acesso a uma rotina alimentar razoavelmente normal.
Assim como acontece com o rótulo light, as lacunas de ingredientes de produtos diet são preenchidas pela adição de substitutos. O melhor exemplo são os chocolates diet sem açúcar, mas com gordura. Em resumo, é fundamental ter muita atenção aos rótulos.
3. Detox é vida
Entre algumas das dietas mais famosas, não é difícil encontrar alguma versão detox, que promete desintoxicar o organismo. Isso deveria propiciar um corpo mais saudável, não? Na verdade, depende, pois as coisas não são tão simples assim.
De fato, os alimentos que costumam ser usados em dietas detox, como coentro, uva e couve, ajudam o organismo a se livrar de substâncias indesejáveis e prejudiciais ao seu funcionamento. Porém, dietas desintoxicantes feitas sem controle e acompanhamento nutricional adequado elevam a disponibilidade de cortisol, adrenalina e noradrenalina.
Na prática, o excesso de estresse causado pela alimentação restritiva estimula o corpo a acumular peso em pouco tempo, o que se traduz pelo popular efeito sanfona. No mais, tenha em mente que há o risco de diminuição drástica dos índices de gorduras, proteínas, minerais e carboidratos. Cada um desses elementos, na proporção apropriada, é vital para nossa saúde.
Antes de partir para uma intervenção alimentar de desintoxicação, lembre-se que nossos órgãos já realizam esse processo naturalmente.
4. Todo mundo deveria comer alimentos sem glúten
Existem até campanhas, criadas por pessoas que afirmam, com todas as letras, que alimentos com glúten são nocivos à saúde. Presente em diversos cereais, como cevada, aveia, centeio e, é claro, trigo (considerada a fonte mais comum), nem sempre esse composto de proteínas é o vilão que se imagina.
De fato, existe a doença celíaca, caracterizada por uma intensa reação imunológica que culmina no atrofiamento do intestino delgado. Contudo, somente 1% da população mundial é celíaca, enquanto só 5% exibe algum grau de sensibilidade ao glúten. Para essas situações específicas, não apenas faz sentido como é imprescindível evitar totalmente o consumo de glúten pelo resto da vida ou temporariamente, respectivamente.
Dada a baixa parcela do público que tem a primeira ou a segunda condição, é necessário investigar cada quadro nos mínimos detalhes. Ainda com relação à sensibilidade ao glúten, um experimento com cerca de 40 pessoas demonstrou que o fator psicológico tem seu peso nessa história.
Antes do experimento, todos relatavam desconforto depois de ingerir alimentos com glúten. Divididos em 3 grupos, os participantes foram submetidos a uma dieta com nada, pouco ou uma elevada quantidade de fontes do referido composto de proteínas. Na avaliação final, todo mundo disse que o mal-estar havia diminuído.
O resultado indica que, na maioria das vezes, a origem do mal-estar gastrointestinal é outra, o que ficou atestado por outras investigações científicas. Uma delas vem da Alemanha, mais precisamente da Universidade de Johannes Gutenberg. Ao que tudo indica, a ATI (amilase tripsina) é a verdadeira proteína problemática para a imensa maioria dos casos equivocadamente atrelada ao glúten.
Faz total sentido, principalmente se levarmos em conta que a ATI é justamente um dos compostos de fórmulas utilizadas para combater pragas agrícolas. Na Universidade de Harvard, já existe um estudo que detectou um aumento da concentração de ATI em novas espécies de trigo.
Para quem ainda não se convenceu sobre a importância de manter o glúten quando possível, vamos a uma última linha de pesquisas. Desta vez, estamos falando de um conjunto de dados levantados ao longo de 3 décadas.
O resultado demonstrou que o composto diminui em até 13% o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2. Portanto, antes de condenar o glúten, consulte-se com um gastroenterologista de sua confiança. Os exames feitos para o diagnóstico são a coleta de sangue e a endoscopia.
Esses são 4 mitos sobre alimentação constantemente abordados nas mais diferentes rodas de conversa. Seja na fila do próprio consultório médico, seja em um bate-papo de fim de semana na hora do churrasco, somos impelidos a opinar quanto ao que deveríamos ou não consumir. Na dúvida, tome a melhor decisão de sua vida: converse com seu médico.
E já que chegou até aqui, aproveite para conhecer 6 dicas imperdíveis para cuidar da sua saúde mental!