Saiba como as sessões de psicoterapia funcionam
No mundo em que vivemos, é vital manter a mente saudável e em equilíbrio com nossa saúde física. Felizmente, é cada vez maior a quantidade de pessoas cientes de que não precisam fazer isso sozinhas. Afinal, os últimos anos apontam para um aumento significativo da procura por sessões de psicoterapia.
Para se ter uma ideia, cerca de 85% dos profissionais de psicologia relataram essa alteração da demanda. O mesmo se aplica aos psiquiatras, que informaram uma ampliação de 25% das consultas. Esses números são influenciados pela pandemia da Covid-19, mas será que esse tipo de atendimento se aplica só mediante eventos singulares, como uma crise sanitária de grandes proporções?
A resposta é não. Criança, adolescente, jovem ou idoso: o fato é que todo mundo deveria realizar um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico ao longo da vida, assim como acontece com relação à saúde bucal. Por razões culturais, entretanto, estamos acostumados a associar a psicoterapia a distúrbios mentais graves, como depressão ou esquizofrenia.
Na verdade, a psicoterapia visa nos fazer lidar melhor, basicamente, com medos, inseguranças e angústias. Conforme aprendemos a gerenciar esses e outros sentimentos, desenvolvemos e refinamos nossa maturidade emocional, indispensável em diferentes aspectos de nossas vidas.
Se você tem interesse, mas antes de agendar uma consulta gostaria de saber como estas sessões de psicoterapia funcionam? Continue com a gente e descubra agora mesmo!
Primeira sessão de psicoterapia
A primeira sessão de terapia pode variar de acordo com o terapeuta e o tipo de abordagem terapêutica utilizada. No entanto, geralmente envolve uma conversa inicial em que o profissional faz algumas perguntas para entender a razão que levou você a buscar o atendimento. O psicoterapeuta também utiliza esse bate-papo inicial para obter uma visão geral da sua história pessoal e familiar, inteirando-se a respeito dos seus desafios e problemas atuais.
Durante a primeira sessão, o terapeuta também pode fazer perguntas sobre sua saúde mental, histórico de tratamento, objetivos terapêuticos e o que você espera da terapia. O momento é igualmente oportuno para discutir o processo terapêutico em si, a estruturação das sessões e a frequência desses encontros, além de estimar o tempo necessário para alcançar determinados resultados.
É importante lembrar que a primeira sessão pode ser uma experiência um pouco desconfortável ou intensa, pois pode envolver assuntos pessoais e emocionais difíceis. No entanto, o terapeuta está lá para ajudá-lo a enfrentar esses obstáculos e fornecer apoio emocional e orientação durante todo o processo.
A ideia central consiste em deixar a pessoa à vontade e estabelecer uma relação de confiança mútua entre terapeuta e paciente sem a menor pressa. Caso perceba algum indício de pavor ou crise na pessoa, cabe ao profissional adotar soluções que a tranquilizem — na medida do possível.
Caso o desconforto seja grande (não apenas derivado de uma crise anterior, mas por conta da consulta em si) você tem plena liberdade para realizar as próximas sessões com outro profissional — ou seja, fazer outras tentativas.
Isso pode acontecer porque algumas pessoas se sentem incomodadas com o tipo de abordagem ou método. Para mais detalhes, confira o tópico que separamos para falar sobre alguns tipos de terapia muito usados atualmente.
Há psicólogos, por exemplo, que deixam longos intervalos de silêncio após uma pergunta, como se esperasse um complemento da resposta. Repetir o mesmo questionamento momentos depois, com o mesmo objetivo, em busca de mais elementos, também é uma técnica frequente.
Demais sessões de psicoterapia
Durante as sessões subsequentes, o terapeuta pode usar técnicas de conversa e questionamento para ajudar o paciente a entender melhor seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, e a encontrar maneiras de lidar com adversidades que estiver enfrentando.
Algumas abordagens terapêuticas podem ser mais focadas no presente, enquanto outras podem explorar questões do passado. Há também a possibilidade de realizar tarefas e exercícios fora do consultório, como práticas de relaxamento.
Além disso, a duração das sessões também pode variar. Algumas sessões podem durar cerca de 50 minutos, enquanto outras podem ser mais curtas ou mais longas, dependendo das necessidades do paciente e da disponibilidade do terapeuta.
Independentemente do tipo de psicoterapia utilizada ou da duração da sessão, é importante lembrar que o processo é colaborativo. Tenha em vista que o terapeuta é um guia e está ali para oferecer suporte e feedback, a fim de ajudar o paciente da melhor maneira possível. O sucesso está atrelado ao modo como a outra pessoa revela fatos e descreve certas experiências de vida.
Principais tipos de terapia
A partir de impressões, anotações, reflexões e acompanhamento contínuo, é possível definir quais seriam as melhores estratégias para cada indivíduo. Algumas delas são mais bem-sucedidas para o tratamento de quadros específicos, como depressão e vícios.
Como conhecer as peculiaridades de cada forma de trabalho ajuda a entender como as sessões de terapia acontecem, trouxemos as principais, exibidas abaixo.
Psicanálise
Abordagem terapêutica desenvolvida no fim do século XIX pelo famoso Sigmund Freud, a psicanálise é baseada na ideia de que a maioria dos problemas psicológicos é resultado de conflitos inconscientes, que se originam na infância e continuam a afetar o indivíduo na vida adulta.
O método consiste na adoção da associação livre, na qual o paciente é incentivado a falar livremente sobre seus pensamentos, sentimentos, desejos e fantasias, sem se preocupar com censura ou filtro. O terapeuta ouve atentamente, faz perguntas para aprofundar a compreensão do material apresentado e oferece interpretações sobre o que é compartilhado.
Também é comum a avaliação de sonhos, em que, a partir das lembranças do paciente, são feitas associações simbólicas e inconscientes relacionadas a elas. Outra técnica usada é a transferência, caracterizada pela projeção de sentimentos e emoções inconscientes conectados a outras pessoas, como os pais, em direção ao terapeuta.
É importante notar que a psicanálise é um processo longo e intensivo, que pode durar anos, e não é adequado para todas as pessoas. Quando aplicado com êxito, o método pode ser uma forma poderosa de autoconhecimento e crescimento pessoal.
Terapia lacaniana
A terapia lacaniana é uma abordagem psicanalítica que se baseia nas teorias de Jacques Lacan, psicanalista francês que desenvolveu suas ideias na segunda metade do século XX. Lacan acreditava que a linguagem e a comunicação eram fundamentais para a compreensão da psique humana.
A terapia lacaniana também enfatiza a importância do inconsciente e do simbólico na formação da identidade do indivíduo. Com essa premissa, a terapia se baseia principalmente na escuta analítica, e na associação livre.
Ao contrário de outros arquétipos psicanalíticos, a terapia lacaniana não se concentra apenas na infância e na história do paciente, mas também leva em consideração o contexto social, cultural e histórico mais amplo em que o indivíduo vive.
Além disso, esse modelo é frequentemente associado a conceitos complexos, como:
a teoria dos três registros (o real, o simbólico e o imaginário);
a ideia de que a identidade é sempre parcial e incompleta;
a importância da noção de "desejo" na formação do sujeito.
O propósito é fazer com que sejamos capazes de desenvolver um senso mais profundo de nós mesmos e das relações que mantemos com o mundo. Uma curiosidade: embora a terapia lacaniana seja mais frequentemente usada em contextos clínicos, seus conceitos e ideias também têm sido aplicados em outras áreas, como a literatura, a filosofia e a política.
Terapia junguiana
De modo semelhante aos especialistas anteriores, Carl Jung, psiquiatra que dá nome à terapia junguiana, acreditava que a psique humana é composta de elementos conscientes e inconscientes. Ao trazer esses elementos à consciência, seria possível fazer com que cada pessoa se tornasse mais completo e integrada como indivíduo.
Para Jung, basicamente, os símbolos e mitos são expressões universais do inconsciente coletivo, uma espécie de reservatório de memórias e experiências compartilhadas pela humanidade. Na prática, o terapeuta junguiano foca tanto esses fatores como outras expressões do inconsciente, como sonhos e fantasias.
Por meio da análise desse conjunto, o paciente pode ganhar insights sobre si mesmo e sobre seus padrões de pensamento e comportamento. Vale dizer que essa terapia também enfatiza a importância da individualização, o que está atrelado à união de partes da personalidade que foram negligenciadas ou reprimidas no passado, e a criação de um senso de propósito.
Gestalt-terapia
Nesta terapia, concebida por Fritz Perls na década de 1951, o que importa é o aqui e o agora, somado ao contato direto com as experiências do indivíduo. Ela se concentra na compreensão da pessoa como um todo — corpo, pensamentos, sentimentos e formas de agir. A metodologia se diferencia das demais porque tem outros objetos de análise:
as pessoas com as quais a pessoa interage;
os ambientes que ela normalmente frequenta;
a linguagem corporal a qual geralmente recorre para se expressar.
O intuito é fazer com que o indivíduo aprofunde sua autoconsciência e aprenda a assumir a responsabilidade por suas próprias escolhas e ações. Ao longo das sessões, são detectados padrões que possam ser prejudiciais às conquistas almejadas por cada pessoa.
Como você pôde ver, há muito mais opções do que a popularmente conhecida TCC (Terapia Cognitivo Comportamental). Todas elas, entretanto, se encontram em um mesmo grande objetivo: fazer com que as pessoas sejam seres humanos melhores nos mais variados sentidos e circunstâncias.
As sessões de psicoterapia podem ser uma jornada desafiadora, mas têm o poder de proporcionar benefícios significativos e duradouros para sua saúde mental e seu bem-estar emocional. Só não vale negligenciar outros aspectos indispensáveis para a melhora da nossa qualidade de vida, como o envelhecimento saudável, a redução do estresse e a alimentação.
Por esse motivo, você precisa saber quais são os 4 principais mitos sobre alimentação que pouca gente conhece!
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