Setembro Amarelo: principais causas do suicídio
Assunto delicado, o suicídio permanece como um enorme tabu na sociedade brasileira. A aversão ao tema advém da nossa tendência a ignorar algo que é natural e inevitável: a morte. Quando esse tipo de evento é abreviado por alguém que atenta contra a própria vida, fica ainda mais difícil lidar com ele. Felizmente, o Setembro Amarelo está aí para nos lembrar que precisamos falar sobre suicídio.
Neste ano, o lema da campanha é “se precisar, peça ajuda!”. O intuito principal, como sempre, consiste em criar uma onda de valorização da vida de cada indivíduo. Para isso, precisamos, sim, aprender a conversar abertamente a respeito das causas que levam alguém ao suicídio.
Essa aprendizagem também faz parte do processo de ajudar alguém que está com ideação suicida. Pensando nisso, selecionamos os principais fatores relacionados ao suicídio e o que pode ser feito para evitá-lo.
Principais causas da ideação suicida
Antes de mais nada, lembre-se que ideação suicida nada mais é do que a alimentação de pensamentos ligados ao suicídio. No início, a pessoa não pensa exatamente em se matar, mas passa a demonstrar desinteresse pela sua vida gradativamente.
Em estágio avançado, surge o planejamento da própria morte, geralmente acompanhado de mensagens endereçadas às pessoas mais íntimas. A fim de evitar o mal maior, amigos e familiares devem — sem julgar — se esforçarem para compreender o que está acontecendo e recorrer ao atendimento especializado quando necessário.
Transtornos mentais
Mais de 96% dos suicídios apresentam correlação com alguma variedade de transtorno mental. No topo da lista, aparecem a depressão, a ansiedade generalizada (TAG) e o transtorno bipolar. O uso desregrado e excessivo de substâncias psicoativas também é um grande motivador do problema.
No Brasil, o consumo abusivo dessas drogas psicotrópicas está vinculado a cerca de 25% dos casos de suicídio. Basicamente, isso acontece porque esses compostos alteram os padrões de funcionamento cerebral. De modo geral, o usuário fica sujeito a sofrer mudanças em seus estados de percepção e consciência.
Assim como os demais aspectos que trouxemos neste post, a influência do uso de drogas e dos transtornos mentais sobre a ideação suicida varia. Além disso, nem todo mundo que se suicida tem esse tipo de distúrbio. Isso reforça a importância de se atentar aos demais motivos relacionados ao sofrimento que condiciona a tomada de uma ação tão drástica.
Relacionamento com o estudo ou o trabalho
Outra razão que merece destaque é a qualidade do relacionamento entre o estudante ou profissional e a universidade ou local de trabalho. Ambos os cenários podem provocar sobrecargas físicas e emocionais.
No caso dos estudantes, o volume de conteúdos e práticas do curso superior, o convívio tóxico com colegas e a pressão dos docentes tendem a ocasionar efeitos profundos.
Situação parecida pode acontecer com os colaboradores. Em um ambiente organizacional com as mesmas características nocivas, o que muda, de fato, são apenas os agentes e o local.
Vale frisar que, muitas vezes, universitários também trabalham em função do recebimento da chamada bolsa-trabalho. Nessas circunstâncias, as consequências negativas tendem a vir em dobro. O cansaço generalizado (físico, mental e emocional) carrega o indivíduo ao seu limite.
Todo esse panorama abre brecha para o desenvolvimento ou agravamento de quadros de ansiedade crônica, depressão e, é claro, a síndrome do esgotamento profissional. Aqui, é fundamental ficar de olho nos sintomas mais comuns do burnout.
Estresse excessivo
A gente sabe que o estresse é uma reação natural do organismo que nos prepara para encarar momentos críticos, perigosos ou desafiadores. No entanto, também estamos cientes de que ficar em alerta o tempo todo é altamente ruim para nossa saúde mental.
Às situações que resumimos no tópico anterior se somam outras equivalentes, como as constantes preocupações com o orçamento familiar. Invariavelmente, todas elas acentuam os efeitos de diferentes tipos de estresse, como o estresse financeiro.
Nessas condições, qualquer pessoa fica propensa a agir com maior impulsividade diante de adversidades. Exausta e andando em círculos, ela fica sem energia para tentar encontrar uma nova solução (paliativa, na maioria das vezes) para seus problemas. Um desses atos impulsivos pode ser justamente o planejamento e a realização de tentativas de suicídio.
Herança genética
Em um estudo de varredura genômica, que contou com a contribuição do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo), foi constatada a atuação de um cromossomo específico nos casos de suicídio.
Robusta e feita em escala global, a pesquisa contemplou aproximadamente 1 milhão de pessoas: uma parte diagnosticada com transtornos mentais e a outra sem essa variante de distúrbio.
Basicamente, os pesquisadores observaram que o cromossomo 7 influencia o comportamento suicida mesmo sem a presença da depressão ou de outros quadros semelhantes.
Os próprios cientistas envolvidos nesse trabalho enfatizem a necessidade de outras pesquisas para se chegar a conclusões mais específicas. Mesmo assim, serve como exemplo de que o suicídio deve ser encarado como um problema multifatorial.
Como prevenir o suicídio
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), uma em cada 100 mortes é provocada por suicídio. No Brasil, a entidade também indica que essa é a terceira causa de morte em pessoas jovens — considerando a faixa etária que vai dos 15 aos 29 anos. Na população idosa (60 anos ou mais), o suicídio é quase 50% superior ao índice registrado em pessoas de outros grupos etários.
Ao observarmos esses e outros dados similares, pode parecer que o suicídio é algo inevitável. Contudo, é perfeitamente possível diminuir a probabilidade de que esse evento trágico aconteça. Isso se faz por meio de algumas ações, como mostramos abaixo.
Apoio familiar
Ao contrário do que se possa imaginar, a prevenção não parte somente de profissionais especializados da área da saúde. Na verdade, a eficácia do processo depende do comprometimento das pessoas mais próximas do possível paciente, como amigos, companheiros afetivos, cônjuges e familiares.
A participação envolve diversos comportamentos, que devem ser praticados diariamente:
praticar a escuta ativa;
respeitar o tempo de fala;
manter um tom sereno e positivo (na medida do possível) durante as conversas;
sustentar a empatia em todas as circunstâncias;
mostrar-se à disposição para conversar em momentos, dias e horários inesperados ou fora da sua rotina habitual;
incentivar a busca de auxílio psicológico com calma, ou seja, sem pressa ou insistência;
reservar espaços na agenda para acompanhar o tratamento pessoalmente.
Maior socialização
Também é preciso mais do que simplesmente estimular o convívio com outras pessoas. Então, em vez de apenas dizer coisas do tipo “você deveria sair do quarto para tomar um ar”, é essencial adquirir o hábito de convidar a pessoa que estiver isolada à socialização. A ideia é fazer com que ela se sinta querida em um grupo; que ela faz falta.
Esses encontros servem para descontrair e amenizar a tensão, com o intuito de tirar o foco do problema em si. Logo, precisam ser relativamente frequentes. Entre inúmeras possibilidades, você pode organizar um piquenique no parque, uma visita a alguma exposição e, é claro, os churrascos entre amigos.
Do ponto de vista terapêutico, também existem as psicoterapias em grupo. No início, o participante tende a só ouvir os relatos. De qualquer modo, essa vertente de tratamento abre espaço para conhecer outras experiências e estabelecer novas conexões — com pessoas e a vida.
Porém, fica a ressalva de que quem decide o momento ideal de inserir o paciente em uma terapia em grupo é o psicoterapeuta. Normalmente, o método fica em segundo plano se houver histórico de agitação ou de profunda vulnerabilidade emocional. A definição é feita com base nas avaliações da abordagem individual.
Adoção de hábitos saudáveis
Uma das socializações mais importantes passa pela prática regular de algum exercício físico. Aqui, vale experimentar diferentes opções, como caminhadas ou pedaladas. Deixe a pessoa sugerir as atividades, pois isso aumenta a chance de adesão e continuidade.
A saúde física contribui para a redução do estresse, melhoria da qualidade do sono e aumento do índice de energia. Basicamente, os exercícios liberam dopamina, que proporciona alívio e tranquilidade, e endorfina, ligada à promoção do bem-estar e do bom humor.
Além disso, a atividade física exerce um efeito anti-inflamatório no cérebro, o que ajuda o órgão a se recuperar da inflamação causada pela depressão crônica. Isso explica por que o hábito é ainda mais indispensável em quadros graves de propensão ao suicídio.
Com relação à rotina alimentar, é vital, em primeiro lugar, tomar cuidado quanto a alguns mitos sobre alimentação. Pessoas com depressão e ideação suicida costumam se alimentar mal, o que prejudica a ação dos neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina.
Nesse sentido, vale a pena ter máxima atenção com relação à oferta de um cardápio equilibrado, com boas fontes de carboidrato, magnésio, zinco, ácido fólico, vitamina B6 e B12.
Suporte organizacional
Como você pode imaginar, é difícil dar conta de todos esses detalhes sozinho. Desse modo, é igualmente importante que você e seus familiares recebam o suporte adequado de profissionais de várias áreas da saúde.
À medida que você conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar, composta por enfermeiras, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais, o processo se torna mais viável e esperançoso.
Para a Sanus, o bem-estar de todo mundo importa. É por isso que cuidados da saúde física, mental e emocional dos beneficiários dos planos de saúde de forma individualizada, personalizada e humanizada. Combinamos o que há de melhor em inteligência artificial e sabedoria humana.
Se tiver qualquer dúvida ou nem souber por onde começar, pode contatar o time do Sanus Saúde via WhatsApp. Nossas enfermeiras tiram dúvidas, como o funcionamento das sessões de terapia, orientam os próximos passos e agendam consultas com os especialistas apropriados.
Em campanhas como o Setembro Amarelo e ao longo do ano, permanecemos à disposição para ajudar você e seus familiares a usarem o plano de saúde da melhor maneira possível.
Se sua empresa ainda não oferece essas facilidades, peça o Sanus Saúde ao seu RH.
_________________________
Capa: image by Freepik