ESG e os desafios da era da responsabilidade corporativa
Aquecimento global, desmatamentos, utilização inadequada de recursos naturais e escassez de matéria-prima. Esse é apenas um resumo dos problemas que o ESG busca solucionar. O conceito, que tem a busca do desenvolvimento sustentável como eixo central, engloba a adoção de boas práticas organizacionais relacionadas aos setores ambiental, social e de governança.
Mais do que um movimento passageiro, o ESG é uma espécie de evolução do TBL (algo como tripé da sustentabilidade, em português), que veio ao mundo ainda nos anos 1990. Desde aquela época, a proposta endereçada às lideranças corporativas permanece. A ideia consiste em criar modelos de negócios com uma inversão da ordem de prioridades: meio ambiente, pessoas e, por fim, lucro.
Para atingir esse objetivo, é necessário encarar uma série de obstáculos. Por isso, hoje vamos falar um pouco sobre os principais desafios da chamada era da responsabilidade corporativa.
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Ampliar o compromisso e a transparência ambiental
A crescente preocupação com as mudanças climáticas, a deterioração de diferentes biomas do planeta e a escassez de recursos naturais exige a descoberta de soluções ambientalmente sustentáveis. Para tanto, as empresas precisam investir em novas tecnologias, voltadas a estes e outros aspectos:
uso moderado de recursos naturais;
criação de protocolos antidesperdício;
desaceleração da mudança climática;
monitoramento da pegada ecológica;
tratamento adequado de resíduos.
Naturalmente, o foco principal varia de acordo com o segmento de atuação de cada organização. Em todos os casos, o desafio é diminuir significativamente o impacto das atividades sobre o meio ambiente e, ao mesmo tempo, manter ou aperfeiçoar a qualidade de produção.
Em vez de poluir a atmosfera com gases de efeito estufa, por exemplo, as indústrias devem elaborar projetos sólidos de uso de fontes renováveis de energia. De maneira gradual, o processo visa atingir a neutralidade de carbono, momento em que a emissão de gases poluentes passa a ser inferior ao volume que a Terra é capaz de absorver.
Segundo levantamento da AIE (Agência Internacional de Energia), os investimentos em carvão e hidrocarbonetos seguem com crescimento de 15% a. a. No entanto, os aportes financeiros em energia solar devem alcançar a faixa de US$ 380 bi em 2023, o que já superaria os US$ 370 bi previstos para as atividades ligadas ao petróleo no mesmo período.
Os números sugerem que, finalmente, a luz no fim do túnel começou a se expandir. Porém, essa transição do domínio de energias fósseis para o uso majoritário de energias limpas é lenta. A aceleração do processo depende da ampliação do conjunto de empresas comprometidas com a causa ambiental.
Transparência é igualmente fundamental, a fim de comprovar o investimento projetado e seus resultados. Em 2021, cerca de 10% das empresas (em um universo com mais de 9 mil organizações) emitiram relatórios de sustentabilidade. Os dados são de uma pesquisa do IBGE. Uma atualização está prevista para sair no segundo semestre de 2023.
Mensurar e aprofundar o impacto social
Geralmente, o lado ambiental fica com quase todos os holofotes. Contudo, o aspecto social do ESG merece a mesma atenção. Afinal, trata-se do modo como a empresa se relaciona com seus stakeholders (consumidores, clientes, fornecedores e colaboradores) e a comunidade local.
Existem inúmeras medidas recomendadas para melhorar esse relacionamento, como:
cumprimento espontâneo de todos os direitos trabalhistas;
equidade salarial;
respeito aos direitos humanos;
proteção da privacidade e dos dados dos stakeholders;
comprometimento com os projetos de D&I;
acompanhamento contínuo da saúde física, mental e emocional dos colaboradores;
favorecimento do bem-estar financeiro dos funcionários;
fomento da felicidade corporativa;
promoção do bem-estar financeiro do público interno;
manutenção de um ambiente de trabalho saudável e psicologicamente seguro;
melhora da qualidade de vida das pessoas que moram no entorno das instalações da organização.
Depois de implementar mudanças nessas e em outras frentes semelhantes, é fundamental mensurar a efetividade das ações propostas, detectar eventuais gargalos e efetuar os devidos ajustes.
Se a empresa pretende aumentar a quantidade de mulheres e de pessoas negras em seus quadros, é preciso medir o progresso do plano de ação e o quanto falta para chegar à porcentagem ideal. O mesmo se aplica às demais responsabilidades assumidas interna e publicamente.
Além de lançar campanhas de atração desse público, é necessário avaliar o eNPS e o índice de permanência. De nada adianta conseguir atrair excelentes profissionais e perdê-los por conta de assédio, discriminação ou outros comportamentos similares.
No caso da comunidade local, é importante mostrar disposição para a realização de diálogos frequentes, com o intuito de conhecer e compreender as demandas. A partir disso, é possível estudar as formas mais eficazes de fornecer o apoio esperado.
Aprimorar a governança corporativa
O sucesso do ESG depende de uma gestão sólida e estratégica. Como medidas relevantes, incluímos:
ampliação da transparência fiscal;
melhora da prestação de contas;
proteção dos direitos dos acionistas;
elaboração de métodos precisos para inibir, identificar e combater a corrupção;
maior detalhamento da gestão de risco.
Quanto ao último ponto, perceba que os riscos atrelados às políticas ESG podem provocar impactos financeiros significativos para as empresas. A gestão adequada desses riscos envolve a identificação, avaliação e mitigação das ameaças detectadas.
Integrar o ESG a todas as áreas do negócio
Incorporar o ESG nas estratégias do negócio exige uma mudança de mentalidade de todos os stakeholders envolvidos com a marca empregadora. Os investidores, por exemplo, devem entender que investimentos sustentáveis proporcionam retornos financeiros satisfatórios.
Com relação aos colaboradores, o RH desempenha um papel de protagonista. O setor é responsável por consolidar a cultura organizacional, fortalecer o propósito e selecionar profissionais alinhados com as diretrizes que regem o conceito ESG.
Como implementar o ESG na sua empresa
Vamos considerar o seguinte: comprometer-se com a causa ESG é uma coisa. Materializá-la, ou seja, fazer com que o conceito ganhe vida fora do papel é outra. Esse detalhe é importante porque a maioria das lideranças se perde na hora de praticar tudo o que mencionamos anteriormente.
Para que a iniciativa em questão seja bem-sucedida, é vital tomar alguns cuidados. Antes de mais nada, lembre-se da integração entre os campos de cada letra da sigla (“E”, “S” e “G”), como indicamos no tópico acima. A parte social e de governança jamais deve ser negligenciada.
Faça um mapeamento do atual impacto da sua empresa em cada uma dessas três áreas e pense nos possíveis pontos de melhoria. Estude a viabilidade de novas soluções e visualize oportunidades de intervenção que sejam favoráveis ao negócio, em si, e à sociedade, como um todo.
Igualmente imprescindível é a definição das lideranças e colaboradores que atuarão como embaixadores da agenda ESG. A ampla participação dessas pessoas é decisiva para estimular o engajamento dentro de suas respectivas equipes. Todo mundo deve estar em sintonia com o propósito das reformulações propostas.
Ainda sobre os embaixadores selecionados, é necessário que eles se familiarizem e, dentro do viável, dominem os aspectos associados aos tópicos que apresentamos ao longo deste artigo.
Principalmente no que tange aos líderes, espera-se uma constante atualização quanto às melhores práticas de neutralidade de carbono, gestão de risco e saúde ocupacional — entre muitos outros.
Como é fácil notar, os desafios inerentes à agenda ESG exigem comprometimento, estudo, planejamento, método adequado e, sobretudo, engajamento. Afinal, a ampla adesão dos colaboradores é determinante para o sucesso das ações e, consequentemente, para a conquista dos resultados desejados.
Para manter os funcionários motivados, engajados e com o foco voltado às metas ESG, sua empresa precisa cuidar da saúde integral de todos. Além de um plano de saúde completo, é necessário oferecer um serviço de concierge especializado em assistência médica.
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