Novembro Azul: o foco é a saúde do homem

Desde sua concepção, em 2003, na Austrália, o movimento Novembro Azul jamais limitou sua atenção a um único tipo de tumor maligno. Já no início, a ideia era fazer com que os homens tomassem uma atitude quanto à negligência que historicamente a maioria mantém com relação à própria saúde. 

Por isso, o ideal é que a onda azul de incentivo ao autocuidado que se inicia no penúltimo mês do ano cubra todos os meses seguintes. Isso não significa, de maneira alguma, que o câncer de próstata seja um mero coadjuvante nessa história. 

Em termos de incidência e fatalidade na população masculina, trata-se de uma doença que encontra correspondência em algumas estatísticas do câncer de mama. Afinal, as projeções feitas até o ano de 2025 são bem próximas. 

No caso do câncer de próstata, espera-se 72 mil novos casos por ano ao longo do referido triênio. Já a estimativa anual de registros de câncer de mama durante o mesmo intervalo é de 74 mil novos registros. 

Por outro lado, é vital dizer que, desde que o câncer seja diagnosticado em sua fase inicial, a expectativa de cura fica ao redor de 90% — ainda com chances de superar essa marca em certos casos. 

Neste miniguia, mostramos por que um setor de RH atuante precisa se preocupar com a saúde integral de seus colaboradores em um curto, médio e longo prazo.

Além disso, apresentamos algumas outras doenças que podem acometer a próstata e, principalmente, como o RH pode ajudar seus funcionários a se cuidarem melhor. 

Vamos lá! 

Por que o Novembro Azul nas empresas deve focar a saúde geral do homem? 

Mesmo que a maioria dos indivíduos diagnosticados com câncer de próstata não venha a falecer em decorrência da doença, trata-se de uma das principais causas de morte por câncer da população masculina — caminha lado a lado com o câncer de pulmão. 

Existe, entretanto, um detalhe que precisamos observar: o fato de que, independentemente da enfermidade, mais de 60% dos homens tendem a buscar ajuda médica só em último caso. Isso não é uma suposição, e sim uma constatação derivada do constante monitoramento da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). 

De acordo com a apuração do órgão no primeiro semestre de 2022, o total de consultas de homens com urologistas estacionou na casa de 200 mil. Já o número de mulheres que compareceu ao consultório ginecológico ultrapassou a marca de 1 milhão.

Diante dessa diferença abissal, fica evidente que o câncer de próstata serve como referência, mas não necessariamente como tema único da campanha do Novembro Azul. 

Nesse sentido, é fundamental que o período sirva de base para abordar outras doenças que podem acometer a próstata e os demais órgãos. Deve-se, então, criar uma campanha anual ampla de promoção à saúde do homem na sua empresa

As organizações são uma das partes mais interessadas nesse processo, pois é uma forma eficaz para cuidar das pessoas, melhorar o employee experience e a retenção de talentos. No entanto, a tarefa requer a superação de vários obstáculos, muitos deles criados pela própria mente masculina. 

Receber um diagnóstico positivo para qualquer condição médica grave é difícil para qualquer pessoa. Em termos comportamentais, entretanto, os dados mostram que a população feminina costuma lidar com a questão de uma maneira mais madura e corajosa

Afinal, diferentemente das mulheres, os homens preferem ignorar a descoberta de uma doença (tumor ou não) que, eventualmente, exija alguma abordagem terapêutica. A história demonstra que elas preferem encarar o problema, enquanto eles são propensos a adiar a necessidade de conviver com uma notícia ruim e com potencial para abalar sua autoestima

Neste miniguia, enfatizamos as doenças atreladas à próstata. Porém, não podemos deixar de mencionar alguns registros relevantes ligados às consequências de toda essa negligência masculina. 

Desde cedo, as mulheres são estimuladas a se consultar com ginecologistas regularmente. Já a frequência dos homens no consultório (mesmo o de um clínico geral) é escassa e tardia. Na maioria das vezes, as visitas estão vinculadas ao surgimento de alguma disfunção sexual ou à idade recomendada para iniciar determinados exames de rotina. 

Basicamente, essa resistência masculina se relaciona com alguns complicadores, como comprovou uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz. Além do medo de ser diagnosticado com uma doença preocupante, o estudo apontou que os homens não se sentem à vontade com a exposição de seus corpos. Isso fica ainda mais evidente quando o assunto é a saúde sexual. 

No caso específico da próstata, as complicações ligadas à glândula são tratadas com várias ressalvas. Em boa parte das vezes, essa esquiva se deve ao tabu do exame de toque retal, que contribui para ajudar no diagnóstico. 

Ao mesmo tempo, existe o tabu relacionado à qualidade da vida sexual, já que há o temor de a descoberta do câncer e o consequente tratamento afetarem o desempenho sexual — tanto de maneira física quanto psicológica.  

Na prática, a relutância em se consultar com um médico ajuda a explicar por que o índice de mortalidade por doenças é tão alto entre os homens. Dos 20 aos 30 anos, cerca de 80% das mortes são de homens. 

Entre as causas mais frequentes desses óbitos, aparecem as enfermidades que acometem os sistemas digestivo, circulatório e respiratório, assim como as doenças infecciosas. 

Como área dedicada ao bem-estar pleno dos colaboradores, o RH precisa visualizar o Novembro Azul como um ponto de partida para implantar uma mudança de hábitos. O momento é ideal para falar sobre câncer de próstata, mas, sobretudo, para promover o autocuidado da saúde masculina

Quais são os fatores de risco relacionados ao câncer de próstata? 

A incidência do câncer de próstata é mais comum em indivíduos da terceira idade (a partir dos 65 anos), mas o estilo de vida moderno tende a acelerar os processos de desenvolvimento de diferentes tipos de tumor. Vale frisar que o histórico familiar sugere o monitoramento do órgão via exames já a partir dos 45 ou 50 anos de idade

Além disso, homens negros são mais propensos a serem acometidos pela doença. Mais da metade dos registros apontam para essa população. O fator biológico responsável pela alta incidência é a maior sensibilidade aos efeitos da testosterona (sensibilidade androgênica). 

Também há uma forte relação entre obesidade e o desenvolvimento de vários tipos de tumores malignos (não só a vertente associada à próstata. A constatação provém de inúmeros e robustos estudos divulgados pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, instituição atrelada à OMS (Organização Mundial de Saúde). 

Quanto maior o índice de gordura corporal, maior o nível de inflamação crônica e elevação da concentração hormonal. O contexto favorece a proliferação de células cancerígenas, que por sua vez ampliam a probabilidade de câncer. 

Sobre o tabagismo, é importante ressaltar que homens que fumam e desenvolvem câncer de próstata ampliam o risco de morte atrelado ao tumor. Assim como acontece em outros tipos de tumor maligno, o abandono do cigarro ajuda a evitar possíveis complicações. 

Por fim, aqueles que desempenham atividades profissionais ligadas à exposição de fuligem, derivados de petróleo, arsênio e aminas aromáticas (liberadas durante certos processos químicos e outros) também têm maior chance de câncer de próstata

E quanto aos sintomas? 

Com relação aos principais sintomas, essa variedade de câncer é uma daquelas doenças silenciosas. Portanto, nada substitui os exames de diagnóstico. No que confere ao rastreamento, entretanto, confira o posicionamento do Ministério da Saúde sobre o assunto em um tópico mais abaixo. 

De modo geral, é importante ficar atento a estes pontos: 

  • excesso de idas ao banheiro para urinar, especialmente à noite; 

  • dificuldade de manter o fluxo urinário constante durante a micção; 

  • redução do fluxo urinário; 

  • presença de vestígios sanguíneos no sêmen ou na urina. 

Aqui, temos mais uma complicação: esses e outros sintomas também estão ligados a outras condições médicas atreladas à próstata. Para descobrir quais são elas, confira nosso próximo tópico. 

Quais são outras doenças urológicas que merecem atenção? 

O cuidado com a próstata não se limita ao câncer que acomete a glândula. Na verdade, há outras complicações, relacionadas não só ao órgão, mas igualmente a outras partes do sistema urinário e aparelho reprodutor masculino.  

Abaixo, destacamos algumas doenças urológicas que comprometem consideravelmente a qualidade de vida do homem e que, portanto, precisam ser monitoradas. 

Prostatite 

Nesse caso, a próstata sofre um processo de inflamação que, como nas demais condições médicas comentadas neste artigo, interfere na micção. Vale observar que, diferentemente dos outros males que atingem a glândula, a prostatite também se manifesta em homens mais jovens (já a partir dos 20 anos). 

A prostatite aguda pode facilmente impactar o índice de absenteísmo, uma vez que provoca: 

  • calafrios; 

  • febre; 

  • incômodo intenso na área situada entre o saco escrotal e o ânus;  

  • dores nas articulações; 

  • mal-estar corporal generalizado. 

Há ainda a versão crônica da doença, na qual as dores não se restringem à região pélvica, chegando ao pênis e aos testículos. Não raro, esses sintomas são acompanhados da mistura de sangue no sêmen e disfunção erétil. Por fim, o período de tratamento é mais longo do que o tipo agudo: no mínimo, 90 dias. 

Hiperplasia benigna da próstata 

Igualmente conhecida pela sigla HBP, essa condição médica também costuma ser responsável, por exemplo, pelo comprometimento do fluxo urinário. Isso acontece porque a expansão da próstata tende a comprimir parte do canal da uretra. 

Assim, o homem precisa se esforçar para concluir a micção. Também é comum que ele retenha urina na bexiga e tenha que urinar várias vezes ao longo do dia (ou da noite). Vale dizer que a HBP está constantemente associada a outros problemas, como: 

  • pressão alta; 

  • obesidade; 

  • diabetes. 

Bexiga hiperativa (BH) 

Embora possa se confundir com a HBP, os casos de bexiga hiperativa têm uma profunda relação com alterações fisiológicas que acometem os homens a partir de certa idade. 

Após os 75 anos, uma conjunção de fatores aparece, como a perda de força nos músculos próximos da região abdominal e a redução da capacidade de armazenamento da bexiga. O resultado leva o indivíduo a sentir vontade de urinar com mais frequência. 

Quais são os exames indicados para o diagnóstico e os riscos envolvidos? 

Os exames normalmente utilizados para o diagnóstico são os seguintes:

  • PSA (Antígeno Prostático Específico, em português) — mede o volume dessa proteína, sintetizada na próstata, presente na corrente sanguínea;

  • toque retal — cumpre a função de verificar a dimensão, o volume e a textura da glândula.

Por meio de nota técnica, endossada pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer) e publicada em outubro de 2023, o Ministério da Saúde desaconselha o rastreamento populacional do câncer de próstata. A posição se aplica, inclusive, aos homens que estejam em grupos de risco. 

O termo rastreamento se refere à realização de exames rotineiros em indivíduos assintomáticos. Para o INCA, a diagnóstico precoce corresponde especificamente às análises feitas em pessoas que exibem sinais e sintomas ligados à doença em questão. 

De acordo com a entidade, há escassez de evidências científicas quanto aos supostos benefícios da prática de rastreamento. Falta, segundo a instituição, uma correlação entre o aumento de diagnósticos e a profunda redução do índice de mortalidades associadas ao câncer de próstata. 

O órgão aponta que não só as mortes não caem em proporção significativa como a saúde dos homens submetidos aos exames de rotina tende a piorar. Diante do levantamento que indica um cenário desfavorável, o INCA sugere que os médicos compartilhem os riscos dos exames com seus pacientes antes de iniciá-los. A decisão deve ser conjunta. 

Como ajudar os colaboradores a cuidarem melhor de sua saúde? 

Como você pôde ver, não faz sentido limitar o Novembro Azul ao debate em torno da neoplasia prostática. Na verdade, essa é uma época do ano propícia para que o RH enfatize a importância de os colaboradores se consultarem com um médico regularmente

Além de garantir o acesso a uma boa rede de assistência médica, o RH deve ficar atento aos demais aspectos de uma boa gestão de plano de saúde. A partir dela, a área consegue monitorar o estado de saúde de cada colaborador e ajudá-lo a agendar uma consulta a antecedência necessária. 

Mais do que isso, é fundamental auxiliar a população masculina da empresa a criar uma cultura de autocuidado. Além de destacar a importância da mudança de hábitos, é indispensável que todos mantenham a rotina de consultas e exames ao longo dos meses e anos.   

Com uma plataforma de gestão de benefícios integrada, fica muito mais fácil efetuar atividades operacionais e aprimorar a saúde corporativa. A partir da coleta de dados e de informações obtidas via questionários objetivos, é possível classificar os funcionários conforme seu estado de saúde (indivíduos saudáveis, com necessidade de acompanhamento e em estado crônico, por exemplo). 

No contexto do câncer de próstata ou de outras enfermidades atreladas à glândula, a realização de perguntas simples relacionadas aos hábitos urinários e a certos incômodos seriam indicativos para estimular a ida ao médico. A ideia consiste em estimular o hábito da consulta regular mesmo que não haja nenhuma predisposição a alguma modalidade de tumor. 

Para que estas e outras ações sejam realmente efetivas, sua empresa precisa de uma equipe de suporte inteiramente dedicada aos colaboradores. Ao oferecer um concierge em conjunto com o plano de saúde, sua empresa aprimora a experiência de uso dos beneficiários e obtém diversas vantagens. 

A primeira delas se refere à promoção do bem-estar físico, mental e emocional dos funcionários e seus familiares. Na prática, isso se traduz na queda dos pedidos de afastamento do trabalho por motivos de saúde e na manutenção da produtividade desejada. 

Outro benefício considerável é a redução dos gastos vinculados à assistência médica — um dos maiores desafios das lideranças de RH. Com o apoio de um time multidisciplinar especializado, é perfeitamente possível otimizar a utilização do plano de saúde, o que derruba a sinistralidade e ajuda na economia de recursos financeiros. 

Isso acontece porque a equipe que sustenta o concierge de saúde: 

  • ajuda os beneficiários a encontrarem o especialista mais adequado para o seu caso; 

  • busca a unidade de atendimento mais próxima de sua residência ou local de trabalho; 

  • envia lembretes das próximas consultas; 

  • tira dúvida sobre exames; 

  • monitora os quadros de saúde de maneira individualizada e, se necessário, intervém por meio de orientações ligadas à prevenção de saúde; 

  • desenvolve trilhas de cuidado personalizadas; 

  • acompanha a realização de procedimentos e a continuidade do tratamento indicado pelo médico; 

  • permanece ao lado do beneficiário do início ao fim da jornada — de uma simples consulta à finalização de um tratamento. 

O sucesso da iniciativa depende de uma equipe experiente, ágil e especializada em prestar atendimento humanizado. Esse último detalhe é, inclusive, imprescindível nos quadros mais delicados. 

Especificamente quanto aos colaboradores mais resistentes sobre a necessidade de se submeterem a exames periódicos, o diálogo aberto de peritos ajuda a tranquilizar e a transmitir credibilidade. São aspectos como esses que contribuem para a queda do típico tabu masculino quando o assunto é cuidar da própria saúde. 

Como você pôde notar, o RH desempenha uma atuação decisiva nesse processo de conscientização. O Novembro Azul é um ótimo momento para rever o plano de saúde empresarial, analisar formas de reduzir custos e aperfeiçoar a experiência dos colaboradores com os serviços de assistência médica. 

Se sua empresa busca alinhar economia com melhora da qualidade de vida e aumento do engajamento dos funcionários, a Sanus tem a solução. Fale com um de nossos consultores e experimente esta grande transformação!

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Imagem: Wayhomestudio on Freepik 

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