Saúde e bem-estar dos colaboradores: 4 pontos de atenção para 2024
Entre diversos desafios cotidianos, a área de Recursos Humanos precisa encontrar meios eficazes de manter os índices de absenteísmo e turnover sob controle. Outra preocupação constante é a redução dos gastos da empresa com assistência médica. Para atingir esses objetivos, é essencial melhorar a saúde e o bem-estar dos colaboradores.
Neste miniguia, reunimos quatro aspectos que impactam tanto a qualidade de vida dos funcionários quanto os indicadores mais importantes das empresas. Trata-se de alguns fatores que devem ser observados com maior atenção para que o programa de saúde e bem-estar corporativo gere os resultados esperados.
Boa leitura!
1. Qualidade do sono
Além de cuidar da saúde mental de seus colaboradores, existem inúmeras outras ações que as empresas podem tomar para proporcionar mais qualidade de vida às pessoas e, assim, elevar a produtividade no trabalho. Uma dessas medidas é o monitoramento da disposição e da energia dos funcionários, consideravelmente impactada pela sua qualidade do sono.
Só no Brasil, acredite: mais de 90% da população (estudo com dois mil indivíduos) admite que não dorme facilmente como gostaria. Noites maldormidas são conhecidas por provocar uma queda repentina da motivação para realizar várias tarefas.
Isso acontece ao ponto de se pensar em dormir mais alguns minutos ou cogitar seriamente a possibilidade de nem sair da cama. No último minuto, a maioria das pessoas se refaz e parte para mais um dia de atividades. No entanto, pessoas sonolentas no trabalho são um grande problema para o gestor da equipe.
Maior risco de acidentes de trabalho
Para organizações do segmento industrial, por exemplo, a sonolência representa um risco enorme para a ocorrência de acidente de trabalho. Tudo depende, evidentemente, da tecnologia empregada no maquinário disponível, o que resulta na presença (ou não) de travas ou sensores de segurança. De qualquer forma, um funcionário sonolento do ramo industrial está mais sujeito a se acidentar do que os colegas que estiverem devidamente descansados.
Os dados de um levantamento recente já ligaram o alerta: 33% da força fabril dormem menos de 6 horas por dia. Mais da metade do mesmo pessoal relata que acorda com uma sensação de cansaço ou até mesmo de exaustão. Para completar, 56% das pessoas que se enquadram nessa situação são mais suscetíveis a falhar algum procedimento.
Aumento do absenteísmo ou do presenteísmo
Pessoas sonolentas também pioram alguns indicadores importantes para sua equipe, em particular, e para a área de Recursos Humanas de modo geral. Um desses índices é a taxa de absenteísmo, que pode ir parar lá nas alturas e criar diversas complicações, como a sobrecarga que recai sobre os colegas de time.
Sem margem para qualquer dúvida, as ausências ou os constantes atrasos dos colaboradores afetam o desempenho coletivo de quem está em outra rotação. Contudo, existe um cenário que talvez seja pior: o presenteísmo. Aqui, a pessoa até está ali e socializa com os colegas, mas simplesmente não desempenha suas funções como deveria.
De maneira ampla, essa situação é gerada pela desconexão das pessoas com o ambiente de trabalho e com as funções que elas exercem cotidianamente. Existem diversos fatores para isso, como o estresse, o desenvolvimento de transtornos mentais (depressão e ansiedade generalizada, por exemplo) e a falta de sono.
Diminuição da produtividade
Quem mantém a qualidade do sono em dia costuma exibir aquele ar de plenitude e de bom-humor, acompanhados de uma alta concentração e engajamento. Ao reunir essas características, o colaborador fica bem próximo de atingir todo o seu potencial ao longo das horas — respeitando um ritmo saudável, claro.
Já o funcionário que trabalha bocejando com frequência tende a apresentar um comportamento quase que completamente oposto. Em outras palavras, trata-se daquele indivíduo que se distancia do que se espera de um time de alta performance. Com ou sem bocejo, a diminuição profunda da concentração é uma das principais responsáveis pelo problema.
Paralelamente, é comum que ocorra uma fuga da resistência corporal. Sabe aquela sensação de que, de repente, o corpo ficou mais pesado do que o normal? É exatamente o que ocorre. Assim, você tem a junção do cansaço mental com o físico, o que rende uma dificuldade dobrada para a manutenção ou melhora da produtividade.
A privação do sono também é uma forte adversária do bem-estar dos colaboradores que precisem conviver com a enxaqueca e, consequentemente, mantê-la sob controle. Esse tipo de dor de cabeça normalmente aparece após episódios específicos relacionados aos sentidos, como o olfato e a audição.
O incômodo vem à tona depois de uma noite de sono ruim porque a queda da melatonina favorece o quadro de enxaqueca. Portanto, existe uma linha tênue entre dormir mal e o aumento da probabilidade de uma nova crise de enxaqueca.
Conforme o papel e o cargo do funcionário, fica nítido que esse é um cenário que prejudica a tomada de decisão e, inclusive, a concretização de ações simples do cotidiano profissional. Naturalmente, o caso acarreta afastamentos do trabalho e uma quase inevitável perda do rendimento individual.
Comprometimento da aprendizagem
Todo esforço do RH na criação de treinamentos específicos, baseados em pesquisas e na coleta de dados sobre as necessidades das pessoas e dos times da empresa pode ser subaproveitada. Isso porque quem tem o hábito de dormir mal tende a ter uma aprendizagem debilitada. Essa é uma consequência do baixo tempo de sono REM (rapid eye movements), fundamental para a memória de longo prazo.
Para lidar com esse conjunto de adversidades, é necessário, antes de qualquer coisa, diagnosticar o transtorno e confirmar sua origem. Embora os casos de insônia sejam bastante conhecidos, existem mais de 70 distúrbios do sono. A dificuldade para dormir deriva de várias causas, como o desenvolvimento de doenças neurológicas.
A fim de se distanciar de achismos, é essencial monitorar não só a qualidade de sono dos colaboradores, mas igualmente seu bem-estar físico, mental e emocional. Como explicam alguns médicos, a origem do problema pode ser tanto um colchão ruim quanto um quadro de ansiedade crônica.
Com o foco voltado à realidade de cada profissional da empresa, o RH deve:
utilizar uma plataforma de gestão de benefícios completa;
acompanhar o estado de saúde de todos, agindo de forma proativa;
montar um planejamento de prevenção de saúde;
oferecer benefícios corporativos com uma assistência personalizada de saúde;
conceder suporte para a saúde financeira — afinal, crises financeiras pessoais também provocam alterações no sono.
Desse modo, fica bem mais fácil mapear e gerenciar o bem-estar de todas as pessoas da organização. Em vez de esperar acontecer, a empresa sempre estará alguns passos à frente, o que proporciona economia de diferentes maneiras. Além disso, promove a consolidação de uma cultura de trabalho mais saudável, que deixe de incentivar o excesso de trabalho e a escassez de sono como uma virtude.
No fim, todo esse cuidado organizacional também conta pontos na hora de encarar os desafios da atração e retenção de talentos. Vale para a qualidade do sono e para outros aspectos de saúde que prejudicam o desempenho diário dos profissionais e, por consequência, impactam negativamente os resultados da empresa. Ao agir de forma estruturada e customizada, seu negócio só tem a ganhar.
2. Estresse no trabalho
Tanto no Brasil como em outros países, o estresse no trabalho alcançou um estágio preocupante com relação à saúde mental e emocional dos colaboradores, o que acarreta consequências ruins para as empresas e para a economia do planeta. O resultado pode ser conferido no levantamento do instituto Gallup.
No estudo, 60% das pessoas participantes relataram que estão desconectadas de suas atividades profissionais, 19% chegaram a afirmar que estão muito infelizes e cerca de 45% delas se sentem estressadas.
Para as empresas, o problema diminui sua capacidade de atração e retenção de talentos, além de uma inevitável queda acentuada dos índices de engajamento e de produtividade. Consequentemente, a lucratividade também passa a ser um indicador com a seta apontada para baixo.
Em escala global, a pesquisa aponta que todo esse mau desempenho das organizações faz com que a economia perca quase US$ 8 trilhões por ano. Isso chama a atenção para a responsabilidade das lideranças das empresas, que precisam, urgentemente, implementar uma política de bem-estar que realmente funcione.
Antes de agir, entretanto, é fundamental identificar quais são, afinal, as causas do estresse no trabalho. Entre outros fatores, existem três que contribuem para a formação de profissionais cada vez mais estressados e exaustos — física e mentalmente, como mostramos abaixo.
Sobrecarga de tarefas ou de responsabilidades
Sem a menor margem de dúvida, o excesso de tarefas já é o suficiente para estressar muita gente no trabalho. Sem tempo hábil para concluir as atividades, a pessoa começa a acumular prazos. Com o tempo, é possível que ela acredite que é incapaz ou inapta para o cargo, o que pode desencadear impactos profundos em seu bem-estar mental e emocional.
Outro ponto de observação se refere ao aumento de responsabilidades. Incentivar as pessoas colaboradoras a desenvolver novas habilidades é crucial, inclusive, para o crescimento pessoal e profissional delas. Contudo, toda essa versatilidade profissional não significa, necessariamente, que o funcionário deva assumir atribuições ligadas a outros cargos o tempo todo.
Muitas vezes, há até o convite para remanejamentos internos, em virtude do desejo e do desempenho surpreendente do colaborador na realização de tarefas de outra área da empresa. Em outros casos, existe uma demanda interna a ser suprida temporariamente.
Em qualquer uma das circunstâncias, entretanto, é preciso tomar cuidado para que esse processo seja combinado entre as partes envolvidas. Caso contrário, surge o risco de se criar apenas um acúmulo de funções.
Sob a ótica do já mencionado ambiente colaborativo, é fundamental que todo mundo esteja disposto a ajudar. Vez ou outra, é essencial efetuar ações fora do escopo inicial. Essa flexibilidade é salutar e muito bem-vinda — desde que haja uma contrapartida dos demais membros da equipe e, é claro, da própria gestão.
Infraestrutura deficitária
Os times podem ter alguns dos melhores profissionais do mercado em suas áreas de atuação. Isso ainda insuficiente para que o planejamento flua como o imaginado e desenhado. As pessoas precisam ter uma infraestrutura minimamente razoável à disposição.
No começo, talvez falte um item ou outro e seja necessário encontrar soluções com base na criatividade, energia e capacidade de adaptação para contornar obstáculos. Contudo, o ideal é que essa situação não perdure por muito tempo ou não seja tão recorrente. Isso porque a falta de certas ferramentas ou o excesso de improvisos costuma comprometer a qualidade do resultado final em algum momento.
No chão de fábrica ou em um escritório, alguns elementos de infraestrutura precária associados ao estresse no trabalho são:
ausência de ventilação adequada;
falta de uma copa com bebedouro e máquina de café — tão importante nos momentos de pausa;
iluminação inapropriada;
higienização insuficiente ou irregular.
Como você deve imaginar, existem os cuidados básicos e aquelas necessidades específicas, as quais variam de acordo com as características e atribuições de cada departamento, time, cargo etc.
Em resumo, existe um conjunto de condições ideais para que os times proporcionem o desempenho desejado. Cabe à gestão de cada área e às lideranças, como um todo, verificar quais são os ajustes necessários.
Ambiente de trabalho tóxico e competitivo
Não, o ambiente corporativo não é uma reprodução daquela faceta implacável das Olimpíadas, na qual o chamado espírito olímpico é desfocado pelo desejo de vitória a qualquer custo. Bom, ao menos, não deveria ser.
Afinal, sabemos bem aonde toda essa competição descontrolada nos leva: enquanto alguns talentos valiosos ficam pelo caminho e aumentam a taxa de turnover, outros atingem o esgotamento físico e mental no trabalho, ou seja, a síndrome de burnout.
De modo geral, as empresas que ressaltam a competição, em detrimento da colaboração, tendem a alimentar um ambiente de trabalho hostil, com baixa empatia e alta do distanciamento entre as pessoas de cada time. Em contrapartida, ambientes de trabalho colaborativos aproximam, engajam e melhoram o employee experience proporcionado pela marca empregadora.
Em um espaço mais leve e agradável, nada surpreende que o desempenho individual e coletivo da organização supere marcas de maneira gradual e espontânea. Por sinal, esse é um dos segredos por trás de times de alta performance, e não uma suposta correria em busca de um crescimento completamente fora da realidade, constantemente acompanhado de jornadas de trabalho sem fim.
Conforme o diagnóstico, a área de Recursos Humanos pode tomar diferentes medidas efetivas voltadas à redução do nível de estresse no trabalho. Encarar o problema com a seriedade que ele exige é determinante para promover a felicidade corporativa e distanciar as pessoas do risco de sofrer um burnout.
O crescimento contínuo e de longo prazo de um negócio está intimamente ligado à participação de gente dedicada, mas, sobretudo, saudável. Para isso, antes de mais nada, você precisa melhorar a qualidade do ambiente organizacional.
3. Prevenção e promoção de saúde
Quem gerencia o RH de uma grande empresa pode ter uma grande dor de cabeça com o excesso de faltas, com o afastamento constante de colaboradores por problemas médicos e com o crescimento do turnover. Além de aumentar os gastos com novos processos de recrutamento e seleção, esse cenário também prejudica o clima organizacional.
Afinal, as pessoas que ficam não se sentem nada confortáveis com esse fluxo contínuo de entradas e saídas. Para evitar tudo isso, você deve priorizar a prevenção e a promoção de saúde dos colaboradores.
Isso significa que, em um primeiro momento, é preciso criar um programa de saúde e bem-estar atraente e alinhado às verdadeiras necessidades dos funcionários. Em seguida, é fundamental assegurar que as pessoas utilizem os planos disponíveis da maneira adequada.
Negligenciado pela maioria dos RHs das organizações de grande porte, esse é um ponto que também merece sua atenção. Além de ampliar o engajamento interno, você ainda economiza recursos financeiros, já que diminui a sinistralidade. Resta apenas saber como prevenir e promover a saúde dos funcionários de um jeito eficaz.
Mapeie a saúde de seus colaboradores
Direto ao ponto, a primeira coisa a ser feita é verificar como anda a saúde de todas as pessoas da sua empresa. Como em qualquer outro problema que necessite de um plano de ação meticuloso, é preciso ir até suas raízes. Assim, você efetua um diagnóstico preciso, essencial para definir linhas de ação coerentes com cada caso.
Após todo esse mapeamento, fica fácil identificar o estado de saúde de cada funcionário. Dessa forma, é possível separá-los e classificá-los como pessoas:
saudáveis;
fora de grupos de risco, mas que requerem um acompanhamento mais de perto;
pertencentes a um grupo de risco.
As classificações de saúde, evidentemente, podem ir além e exibir outros agrupamentos mais específicos. De todo modo, a divisão que mostramos já é um ótimo começo, principalmente se sua empresa nunca fez um monitoramento de saúde aprofundado de seus colaboradores. Em resumo, o mais importante é começar a agir de alguma forma. O detalhamento e o aprimoramento vêm com o tempo.
Com relação a esses grupos de risco, lembre-se que eles estão ligados a doenças crônicas, que podem ser, entre outros, de ordem:
cardiovascular — hipertensão, insuficiência cardíaca, endocardite (inflamação de um tecido que protege o coração) etc.;
metabólica — dislipidemia (excesso de gordura na corrente sanguínea), diabetes, obesidade etc.;
respiratória —rinite alérgica, pneumonia, asma etc.
Esses são apenas alguns exemplos de condições médicas preocupantes e que exigem tratamento apropriado por um longo período. A lista, como você pode imaginar, varia bastante e vai longe. Quer só um exemplo? Os distúrbios mentais, como a depressão, ou emocionais, como a já mencionada síndrome de burnout.
Fundamental dizer que a estruturação de dados comentada aqui necessita de uma plataforma de gestão de benefícios desenvolvida para coletá-los e disponibilizá-los em um só lugar. Também é preciso que o sistema mantenha plena integração com as atualizações das seguradoras de saúde. Por fim, tudo deve seguir à risca as diretrizes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Uma vez que tenha o mapeamento completo, tenha em mente que é vital passar a acompanhar a evolução (positiva ou negativa) de cada quadro. Afinal, não se trata de condições estáticas — muito pelo contrário.
Monte programas de medicina preventiva na empresa
A partir da observação e análise apurada dos dados, você tem a oportunidade de enxergar com nitidez quais são os pontos críticos e que, portanto, merecem maior atenção. Tudo, na verdade, requer um olhar atencioso. A questão é que até o estabelecimento de prioridades se torna uma tarefa descomplicada.
Entre as causas mais comuns de afastamento do trabalho, a saúde mental segue como destaque negativo. Mas como essa informação, coletada em pesquisas com diversas organizações, faz parte da realidade da sua empresa? Precisamos medir e monitorar para justamente indicar quais são as necessidades dos profissionais.
A união de dados relevantes ao contexto local fornece aspectos importantes e que devem ser considerados durante a criação de programas de medicina preditiva e preventiva. A ideia é proporcionar uma rede de tratamento que esteja em sintonia com a demanda dos colaboradores por psicólogos, psiquiatras, cardiologistas, endocrinologistas etc.
Não seria ótimo ter uma previsão melhor quanto ao risco de alguém vir a sofrer um episódio de esgotamento profissional (burnout) e agir com antecedência? O processo fica ainda melhor quando você conta com o suporte de uma equipe multidisciplinar de saúde.
Com base em um atendimento humanizado, é possível, entre outras coisas:
ajudar os beneficiários do plano de saúde a encontrar o especialista mais adequado para o seu caso;
buscar a unidade de atendimento mais próxima de sua residência ou local de trabalho;
enviar lembretes das próximas consultas;
tirar dúvidas sobre exames;
monitorar os quadros de saúde de maneira individualizada e, se necessário, intervir por meio de orientações ligadas à prevenção de saúde;
desenvolver trilhas de cuidado personalizadas;
acompanhar a realização de procedimentos e a continuidade do tratamento indicado pelo médico;
permanecer ao lado do beneficiário do início ao fim da jornada — de uma simples consulta à finalização de um tratamento.
Promova campanhas de prevenção, conscientização e de autocuidado
A fim de potencializar a prevenção da saúde, também vale a pena se atentar às campanhas relacionadas à adoção de melhores hábitos de vida. Nesse sentido, é interessante pensar em meios de incentivar a alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas.
Promover palestras com especialistas, divulgar dicas nas redes sociais e convidar as lideranças a darem o exemplo é igualmente primordial. Tudo isso é válido, gera bons resultados e é vital para consolidar uma cultura de autocuidado dentro da sua empresa.
Simultaneamente, não se esqueça dos meses mais marcantes do ano, como o Setembro Amarelo, o Outubro Rosa e o Novembro Azul — só para mencionar três. Esses períodos são uma oportunidade para promover uma profunda reflexão sobre o tema da vez e, enquanto isso, ressaltar a importância do uso apropriado dos planos de saúde.
A função do RH vai muito além de conceder um bom convênio médico e odontológico. Ela tampouco se limita à criação de campanhas específicas, como o Setembro Amarelo. Sem dúvida alguma, esse movimento de conscientização é essencial. Contudo, ele deve ser respaldado por medidas práticas e efetivas voltadas à promoção da saúde individual e coletiva.
As iniciativas comentadas aqui contribuem para que você e seu time de RH tenham uma visão bem mais detalhada quanto ao nível de bem-estar físico, mental e emocional dos colaboradores. Esse é o caminho para priorizar a prevenção de saúde e fazer com que as pessoas da empresa se sintam amparadas e, de fato, cuidadas.
4. Doenças ocupacionais
Doença ocupacional é todo problema de saúde derivado das funções específicas de cada profissão, das condições laborais ou da qualidade do ambiente corporativo. A partir dessa premissa, poderíamos criar uma lista extensa de exemplos, mas vamos nos limitar aos casos mais emblemáticos, recorrentes e atuais.
DORT
DORT é o acrônimo de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, especificação bem mais pertinente ao universo das doenças ocupacionais e que substitui o termo LER (Lesões por Esforços Repetitivos). De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a troca se deve ao fato de que pouca gente apresenta evidência que comprove lesão estrutural nos músculosesqueléticos — próximos das articulações.
Além disso, as lesões atreladas às atividades laborais não se limitam à repetição de determinados movimentos, como aqueles necessários para digitar. Na verdade, a DORT também surge nos casos relacionados a estes eventos:
postura inapropriada para a realização de certas atividades — usar o laptop em qualquer lugar que não seja uma mesa com cadeira apropriada, por exemplo;
utilização de maquinário com excesso de vibração — é o caso das britadeiras;
força excessiva — situação caracterizada pelo transporte manual de carga pesada, como sacos de cimento.
Síndrome da visão de computador
Essa síndrome está associada ao contato excessivo dos olhos com as reproduções de telas de laptops ou de monitores de computadores de mesa. Existem diversos fatores que, combinados, costumam piorar o quadro, como:
tempo de exposição da visão;
configurações de contraste e brilho;
distância da fonte das imagens;
qualidade da iluminação do ambiente.
Com relação aos sinais do problema, vale a pena ficar de olho na formação de visão embaçada e vermelhidão. Outros aspectos relevantes são aquela irritação que provoca coceira constante e a alta sensibilidade à luminosidade.
Já faz algum tempo que o uso diário de computadores é parte indissociável da rotina de muitos profissionais. No entanto, a preocupação deve ser maior com quem passa o dia inteiro à frente das telas desses dispositivos.
Redução da capacidade auditiva
Com maior incidência em ambientes industriais, a perda auditiva também acontece em outros locais de trabalho, como as centrais de atendimento ao cliente. No primeiro caso, o problema resulta da potência dos ruídos gerados pelas máquinas. Quanto maior o número de equipamentos barulhentos no mesmo local, pior fica para as pessoas que convivem com o barulho.
No caso dos chamados call centers, o comprometimento da audição se deve à necessidade de aumentar o volume dos fones, a fim de entender o que o cliente diz do outro lado da linha. Repetido à exaustão, esse hábito mina a qualidade auditiva dos trabalhadores aos poucos.
Transtornos psicossociais
Muitas vezes, a doença não surge por conta da tarefa em si executada pelo colaborador, mas advém da própria atmosfera “tóxica” do trabalho. A preferência pela competitividade em detrimento da cooperação, por exemplo, deixa muita gente mais ansiosa e estressada do que o normal. Além disso, o risco de desenvolvimento de quadros depressivos é real.
Também devemos mencionar a síndrome do esgotamento profissional, popularmente conhecida como síndrome de burnout. Geralmente, ela está ligada à mistura nociva de excesso de trabalho e de metas inalcançáveis.
Durante a conquista desses resultados, entretanto, corremos o risco de priorizar ações que nos fazem perder tempo. Para facilitar sua vida, selecionamos as medidas que realmente importam quando o assunto é aprimorar a qualidade de vida dos colaboradores ao longo das jornadas de trabalho.
Gestão integrada de saúde ocupacional
Em um passado não muito distante, podemos dizer que o acesso a informações relevantes e a integração entre diferentes áreas era precário ou inexistente. Com a aceleração da tecnologia e o lançamento de sistemas voltados, resumidamente, à coleta, ao tratamento e à análise de dados em volumes maiores, chegamos a um momento caracterizado por profundas mudanças.
No atual contexto tecnológico, os gestores de saúde ocupacional passaram a gerir a área por meio da unificação dos dados derivados do plano de saúde e assistência médica e do SESMT (Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho).
Novamente: mesmo quando tal união já acontecia em algumas empresas, o modelo não era fluido como agora. Desde que conte com as ferramentas adequadas, a organização tem pleno controle sobre uma série de elementos interligados à saúde ocupacional, como:
PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos);
PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional);
Sinistralidade do plano de saúde;
Afastamentos do trabalho.
Com estes e outros dados em mãos, você tem uma visão panorâmica do bem-estar dos colaboradores da sua empresa, o que também indica a eficácia ou não das políticas adotadas até então. Desse modo, fica bem mais fácil chegar a um diagnóstico detalhado da situação e, a partir daí, tomar as melhores decisões.
Principais programas da gestão integrada de saúde ocupacional
Além dos programas mencionados acima, sabemos que existem outros igualmente indispensáveis para preservar a saúde dos funcionários em todos os níveis. A seguir, você confere um resumo a respeito dos principais dispositivos em questão.
PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional)
Vinculado à prevenção de doenças ocupacionais, o PCMSO leva em conta a realização de levantamentos epidemiológicos e de exames periódicos, a fim de identificar eventuais quadros problemáticos de forma precoce. Importante ressaltar que essas e outras medidas cumprem o objetivo de monitorar a saúde global dos profissionais de acordo com o setor em que atuam e as funções associadas a cada cargo.
PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos)
Antigo PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), o PGR tem o intuito de elencar os riscos conforme o departamento, as condições do ambiente de trabalho e as atividades efetuadas pelos colaboradores.
Uma vez detectadas as ameaças, elas são organizadas de acordo com seu tipo e potencial de causar danos. Os riscos variam, indo de agentes físicos (temperaturas e ruídos fora do considerado normal e saudável) a ergonômicos.
No último caso, tenha em mente que não se trata apenas de postura corporal, pois também são avaliados o nível de esforço exigido em determinadas tarefas, bem como o trabalho mecânico e repetitivo.
LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho)
Se o PGR é dedicado à minimização de riscos, o LTCAT tem o propósito de informar como a empresa lida com as condições de cada local de trabalho. Na prática, esse é um documento que relata a existência ou não de equipamentos de proteção individual ou de soluções tecnológicas capazes de, ao menos, amenizar as condições ambientais responsáveis por adoecimentos ocupacionais.
Como melhorar a saúde ocupacional da sua organização
Além dos programas mencionados há pouco, é vital a criação de outros, ligados à supervisão de casos específicos, que podem ser temporários ou permanentes, como:
monitoramento de pessoas portadoras de doenças crônicas, como a hipertensão e o diabetes;
acompanhamento de gestantes e de mulheres com câncer de mama.
Deve haver, ainda, uma natural preocupação com relação às doenças psicossociais. Esse é um ponto de suma relevância, já que geralmente os planos de ação enfatizam o aspecto físico, fazendo somente uma menção à saúde mental. Além de equivocada, essa prática costuma render prejuízos.
Afinal, está comprovado que depressão, síndrome do pânico e TAG (transtorno da ansiedade generalizada) também geram afastamentos e contribuem para a piora do absenteísmo e do presenteísmo. O resultado final pode ser o aumento do custo do turnover.
Reduzir o risco de burnout, por exemplo, segue como prioridade, pois o Brasil é o segundo país com mais casos da doença. Vale ainda lembrar que todo mundo está sujeito à debilitação de sua saúde mental. Seja no escritório, seja no chão de fábrica, as pessoas podem ser acometidas por uma conjunção de fatores locais, externos, pessoais e profissionais que abala a psique.
Por fim, é fundamental atestar o estado de saúde das pessoas colaboradoras mais de perto. Diante da inviabilidade de delegar tal tarefa para os times de Recursos Humanos, a saída mais inteligente e ágil é contar com uma equipe de enfermagem preparada para oferecer esse suporte.
Essa é, de longe, a melhor maneira de:
otimizar o trabalho do RH;
melhorar a utilização do plano de saúde, o que diminui significativamente a sinistralidade, consequentemente, os gastos com assistência médica;
confirmar se a consulta foi bem-sucedida;
acompanhar o estado de saúde dos colaboradores após uma cirurgia ou início de tratamento delicado;
medir a adesão ao tratamento médico proposto;
ajudar a analisar os pedidos de reembolsos — atualmente, há uma enorme quantidade de fraudes envolvidas nas solicitações.
De forma gradual, todo esse cuidado conscientiza e incentiva as pessoas a se tornarem protagonistas de sua saúde. Simultaneamente, não só a taxa de absenteísmo cai como o engajamento e a produtividade sobem.
Esse atendimento mais próximo dos colaboradores é tão essencial quanto as demais estratégias de gestão integrada de saúde ocupacional. Além de um plano com medidas de prevenção de acidentes, identificação de riscos ocupacionais e melhora das condições de trabalho, sua empresa também precisa cuidar do monitoramento da saúde dos colaboradores.
Lembre-se de que cada empresa é única. Então, adapte essas estratégias de acordo com a cultura organizacional, as necessidades dos funcionários e os recursos disponíveis. O objetivo é criar um ambiente que promova a saúde, a produtividade e a satisfação geral dos colaboradores.
Por fim, tenha em mente que, além de oferecer uma boa assistência médica, é necessário aprimorar a experiência dos beneficiários por meio de um concierge de saúde. Com um time inteiramente dedicado aos funcionários, você maximiza o poder preventivo do programa de saúde e bem-estar dos colaboradores.
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Imagem: Freepik