Outubro Rosa: um guia completo para o RH
Ao longo do ano, todos os meses ganham uma cor diferente para sinalizar a importância de algumas campanhas de saúde. No início do último trimestre de cada ano, temos o Outubro Rosa, período dedicado à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento multidisciplinar do câncer de mama.
É assim desde 1990, marco inicial dessa bela, esperançosa e vigorosa campanha de resistência e valorização da vida. Esse poderoso movimento foi, sim, impulsionado pela Susan G. Komen Breast Cancer Foundation.
No entanto, muita gente desconhece sua origem. Criada em 1982 por Nancy Brinker, a instituição surgiu como primeiro passo para ajudar outras pessoas a evitar o que aconteceu com sua irmã Susan, vítima do câncer de mama com apenas 36 anos de idade.
Pensando nisso, criamos este guia. Nele, apresentamos um panorama geral sobre o câncer de mama no Brasil e os principais fatores de risco ligados à doença.
Além disso, explicamos por que abordar o assunto na sua empresa e, essencialmente, como deve ser o acolhimento do RH no decorrer de todo o tratamento e reabilitação pessoal, social e profissional.
Saiba como promover o Outubro Rosa durante todo o ano na sua empresa. Boa leitura!
Situação do câncer de mama no Brasil
Os mais recentes levantamentos e projeções do INCA (Instituto Nacional de Câncer) não deixam margem para dúvidas quanto à gravidade e seriedade do tema. Até o término de 2023, por exemplo, são esperados mais de 73 mil novos casos de câncer de mama, causa número um de morte nas mulheres brasileiras acometidas por algum tipo de tumor maligno.
Em outra pesquisa, o Observatório de Oncologia prevê que, no ritmo atual e sem o aprimoramento das políticas preventivas, o câncer de mama deve ultrapassar até as mortes provocadas por doenças cardiovasculares. Se nada mudar, esse será o cenário no ano de 2029.
O INCA ressalta o grau de letalidade que está em jogo: cerca de 45 pessoas perdem a vida diariamente em decorrência da doença. Enquanto isso, a OMS revela que, em 2020, o câncer de mama foi mais incidente do que o câncer de pulmão.
Para completar, o Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) descobriu o aumento do diagnóstico da doença em mulheres com menos de 40 anos. De 2009 a 2020, a taxa saltou de 7,9% para 21,8%.
Razões para falar sobre o câncer de mama nas empresas
Difundir as formas de prevenção desta condição médica é, antes de qualquer coisa, uma questão humanitária e solidária. O processo precisa acontecer mediante a união de esforços de todos os agentes que compõem a sociedade — de pessoas físicas a empresas.
Isso é vital para mudarmos uma parte dos dados preocupantes exibidos anteriormente. Nas organizações, a maior parcela da responsabilidade pertence à área de Recursos Humanos.
Nas mãos, o RH tem uma enorme oportunidade de demonstrar que realmente se preocupa com o bem-estar físico, emocional e psicológico de suas colaboradoras.
Às vezes, basta uma alta predisposição ao câncer de mama para que ocorra um abalo desses três pilares. Em tais circunstâncias, é evidente que a concentração e a produtividade das mulheres atingidas caem, consequência seguida de perto da maximização das incertezas profissionais.
Cedo ou tarde, é possível que a situação também prejudique o desempenho da equipe ou da empresa de forma geral. Felizmente, esse efeito dominó é evitável. É aqui que entra em cena a importância de falar sobre o câncer de mama no ambiente corporativo de maneira aberta e desmistificada.
A solução sempre passa longe de simplesmente culpar e isolar os indivíduos com problemas de saúde e indispostos (física ou mentalmente) para o cumprimento de suas atribuições. Muito mais humano e eficaz é a elaboração de um planejamento anual de conscientização quanto à prevenção de diversas condições médicas graves, como o câncer de mama.
Ao assumir a direção de um barco à deriva, você corrige a rota e ajuda a preservar vidas e talentos. Ao mesmo tempo, ainda ganha a confiança das pessoas que se dedicam diariamente para alcançar as metas e os objetivos da empresa. Esse contexto de apoio, é claro, também ajuda a levar o employer branding lá para cima.
No caso específico de doenças graves e que tendem a se manifestar de forma agressiva, é papel do RH tranquilizar os colaboradores quanto ao futuro. O câncer de mama, como adiantamos na introdução deste guia, exibe uma alta taxa de cura (95%) — desde que seja descoberto e tratado o quanto antes.
O diagnóstico depende da realização da mamografia, da ultrassonografia ou da ressonância magnética. Embora a radiografia das mamas seja recomendada somente a partir dos 40 anos de idade, salientamos que mulheres jovens com histórico familiar e outros fatores de risco precisam de acompanhamento contínuo. O método fica a critério do médico em questão.
Na prática, entretanto, as pessoas são propensas a evitar exames médicos pelo medo de descobrir algo grave e, supostamente, com baixa probabilidade de cura. Assim, é primordial aproveitar o Outubro Rosa para retificar informações desencontradas e, simultaneamente, incentivar a realização de um acompanhamento médico adequado.
Além da economia ligada à sinistralidade, o resultado se traduz em uma série de benefícios, que se expressam na melhora destes e de outros indicadores importantes para a empresa:
saúde mental;
turnover;
eNPS;
clima organizacional;
engajamento interno.
Como abordar o tema na sua empresa
Apesar de reconhecer a importância do Outubro Rosa, é inegável que boa parte dos gestores (de RH e de outras áreas) não sabe muito bem como tratá-lo internamente. Isso não é uma suposição, e sim uma constatação, como apontam os dados do estudo publicado pela ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos):
10.73% das lideranças estão por dentro dos números de casos de câncer no Brasil;
35.25% sabem pouco ou desconhecem completamente os dados relacionados ao assunto.
Seja transparente o tempo todo
Ao contrário do que possa parecer, o rosa da campanha de outubro é um símbolo de força, resistência e esperança. Ao mesmo tempo, a cor serve igualmente para recordar que, apesar de toda a sua beleza, a vida guarda seus momentos de vulnerabilidade. Aceitar essa imposição biológica é um passo indispensável.
Com base nessa realidade, existe um erro que deve ser evitado a qualquer custo durante o Outubro Rosa: tentar romantizar uma doença que pode agir de maneira cruel e profunda. Dito isso, a primeira preocupação do RH precisa ser a transparência, elemento que ditará o tom dos eventos.
Isso significa que, no decorrer do mês e do ano, as pessoas precisam encarar o fato de que os nomes representam as coisas como elas são. A denominação é expressiva e inequívoca: tumor maligno.
Porém, é fundamental saber traçar um paralelo constante entre o risco e a elevada probabilidade de cura — conforme o cumprimento de determinadas condições.
O ponto-chave é saber destacar a gravidade da situação para, em seguida, convencer as colaboradoras a praticar o autocuidado e a realizar os exames de imagem necessários. No mesmo sentido, vale a pena convidar mastologistas, psicólogos e outros profissionais para explicar que, em caso de tratamento, isso não é o fim do mundo.
Compartilhe experiências de mulheres que conviveram com a doença
A fim de realçar o discurso, é igualmente oportuno ilustrá-lo por meio de depoimentos de mulheres que conviveram com a doença e conseguiram superá-la. Aqui, é interessante mesclar as mais variadas experiências. O compartilhamento de batalhas distintas propicia uma visão mais abrangente, o que amplia a compreensão quanto às dificuldades.
Durante uma roda de conversa (formato mais do que aconselhável devido ao caráter mais informal e livre), por exemplo, um dos tópicos pode ser a volta ao mercado de trabalho após o câncer. Esse é um aspecto que — com razão — aflige muito as mulheres submetidas à radioterapia ou à quimioterapia.
Muita gente quer ouvir como as pacientes lidaram com a questão da retomada de suas carreiras. Com frequência, existem histórias marcadas por uma profunda guinada na trajetória profissional.
Geralmente, isso acontece pela dificuldade de recolocação no mercado de trabalho. Outras vezes, entretanto, a mudança resulta dos períodos mais longos de recuperação e de reflexão.
Apresente os fatores de risco
Outro ponto que merece destaque é a apresentação dos fatores de risco atrelados ao câncer de mama. A herança genética (inevitável) é um deles, mas existem outros, vinculados à alimentação e à exposição exagerada a determinados ambientes.
Como se sabe, a doença é mais comum em mulheres com 50 anos ou mais. Contudo, o Outubro Rosa é uma oportunidade para dialogar com as mulheres mais jovens da empresa desde cedo.
Isso porque, de acordo com a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), o índice de jovens (menos de 35 anos) diagnosticadas com tumor nas mamas subiu de 2% para algo em torno de 4% e 5%.
Diante desses novos dados, nada melhor do que estimular a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis, o que implica em:
evitar ou diminuir a exposição a agentes cancerígenos, como raios X e agrotóxicos;
reduzir a ingestão de embutidos;
aumentar o consumo de grãos integrais, como lentilha, grão-de-bico e o nosso querido feijão;
moderar a frequência das bebidas alcoólicas;
praticar alguma atividade com regularidade;
abandonar o tabagismo.
Com relação ao álcool, uma pesquisa da Universidade de Cambridge, publicada na Nature comprovou a deterioração que um dos itens do composto provoca no DNA de células-tronco. Uma vez que essas células se multiplicam em alta velocidade, a rapidez de uma eventual metástase é considerável.
Sobre o tabagismo, vale a menção de um estudo divulgado no site da Breast Cancer Research (periódico especializado em pesquisas sobre o câncer de mama). O levantamento é taxativo: quando comparadas às mulheres que não fumam, as fumantes apresentam uma probabilidade 14% maior de desenvolver a doença.
Se houver registro do mesmo câncer em outras pessoas da família, o risco ultrapassa os 50% — considerando que o hábito de fumar tenha começado seis anos após a primeira menstruação.
Outro fator de risco relevante, conforme orientações do INCA, ( está associado ao histórico reprodutivo e hormonal da mulher, especificamente se ela:
não teve filhos ao longo da vida;
teve a primeira gestação depois dos 30 anos de idade;
menstruou pela primeira vez antes dos 12 anos de idade;
iniciou a menopausa depois de completar 55 anos;
fez uso prolongado de pílulas anticoncepcionais;
realizou, depois de entrar na menopausa, terapia de reposição hormonal por intervalo superior a cinco anos.
Mostre como sua empresa ajuda a prevenir o câncer
O Outubro Rosa também é um período oportuno para a empresa demonstrar quais medidas coloca em prática para amenizar a exposição das colaboradoras aos agentes associados ao desenvolvimento de tumores malignos nas mamas.
Quando questionadas sobre o assunto, a radiologia é a área profissional mais lembrada pelas pessoas. No entanto, existem outras profissões que merecem atenção especial, como aquelas relacionadas à agricultura ou que são realizadas no intervalo noturno.
Aqui, trouxemos uma lista das atividades que deixam as trabalhadoras mais vulneráveis à incidência do câncer de mama:
realização de radiografia e da própria mamografia;
manipulação e transporte de óxido de etileno;
produção de transformadores elétricos;
manutenção em redes elétricas;
esterilização de diferentes materiais, como itens hospitalares e farmacêuticos;
fabricação ou aplicação de pesticidas ou outros agrotóxicos classificados como organoclorados (quando a cadeia de carbonos da fórmula aparece conectada a átomos de cloro).
Por fim, também vale a pena frisar o impacto dos ambientes com circulação de fumaça de cigarro e o trabalho noturno. No último caso, monografia publicada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) esclarece que existe vínculo comprovado entre a quebra do ritmo circadiano e a origem de células cancerosas.
Em outras palavras, trabalhar à noite bagunça nosso relógio biológico e predispõe nosso organismo a sofrer anomalias, como o desenvolvimento de tumores. Entre os tipos, aparecem o câncer de pele e o gastrointestinal.
Especificamente quanto ao câncer de mama, um trabalho científico extenso (compilação de 61 pesquisas e dados de aproximadamente 4 milhões de indivíduos) apontou que o risco é 32% maior para quem trabalha à noite.
Às organizações que tenham funcionárias ligadas às funções acima ou que contemplem turnos noturnos, cabe o cuidado de reforçar as orientações de segurança que ajudem a amenizar os riscos envolvidos em cada atividade.
De modo prático, é importante exibir o que tem sido feito para amenizar a situação e, assim, ampliar o nível de proteção das colaboradoras. Analisar a viabilidade de uso de novas substâncias ou o aprimoramento de processos são pontos que ficam para a reflexão das lideranças.
Como o RH deve acolher as mulheres diagnosticadas com câncer de mama
Em resumo, o tema câncer merece ser tratado com mais seriedade pelas empresas. Para se ter uma ideia, apenas 9% das organizações oferecem aos colaboradores um planejamento detalhado, embasado em medidas efetivas voltadas à prevenção, ao monitoramento e à introdução de abordagens terapêuticas.
A partir disso, fica fácil supor que a oferta de planos estruturados que foquem o acolhimento e o retorno de mulheres com câncer (de mama ou não) ao trabalho é escassa. Para mudar esse quadro, é fundamental seguir as recomendações que exibimos logo abaixo.
Ofereça jornadas flexíveis
Além de um pacote de benefícios de saúde alinhado às necessidades das colaboradoras, flexibilizar a jornada diária de trabalho é praticamente obrigatório.
Mesmo que o tipo de câncer não seja o mais agressivo, a situação requer tempo para que a mulher possa conciliar sua condição física e mental com a realização de suas funções habituais.
Garanta suporte psicológico
De acordo com um estudo robusto (feito com mais de 300 mil voluntários) e publicado na Cancer comprovou que pessoas com depressão não têm maior propensão ao câncer de mama.
Em contrapartida, o sentido inverso é verdadeiro: pacientes que tenham algum tipo de tumor maligno são até 29% mais suscetíveis a exibir um quadro de depressão. Por conta disso, assegurar total apoio emocional e psicológico também é algo imprescindível. Disponibilizar um plantão terapêutico pode fazer uma enorme diferença.
Prepare o ambiente de trabalho para a volta
Uma vez que nos submetemos a uma pequena cirurgia, passamos a assumir algum risco de que algo pode dar errado. O mesmo vale para qualquer tratamento e processo de reabilitação. Independentemente do prognóstico, é vital que o RH prepare o ambiente e os colegas de trabalho para a volta de cada funcionária.
Na prática, isso aponta para alguns cuidados, como o próprio local de trabalho. Devido à fadiga, por exemplo, talvez seja interessante realocar a colaboradora para uma parte da empresa que exija menos deslocamento.
Fora detalhes como esse, certifique-se de que o time entenda a influência da empatia no próprio progresso da colega. Evitar frases infelizes, como “vai dar tudo certo”, é fundamental — mesmo que seja com a melhor das intenções.
Afinal, tudo o que a pessoa quer é retomar sua vida profissional da melhor maneira possível, e não ser relembrada sobre seu quadro de saúde a cada cinco minutos.
Forneça um programa de apoio financeiro
Finalmente, precisamos, sim, falar sobre dinheiro. O tratamento do câncer de mama pode ser longo, doloroso e, infelizmente, ocasionar o afastamento temporário da profissional. Pela lei, ainda não existe uma obrigatoriedade quanto ao pagamento de salário ou auxílio por parte do empregador durante a fase de recuperação.
Porém, isso não significa que o RH deva ficar de braços cruzados. Bem mais humano e empático é pensar, desde já, o que pode ser feito para amenizar a lacuna financeira das colaboradoras que estiverem temporariamente incapacitadas para o trabalho devido à doença.
Além disso, cabe informar a respeito dos eventuais auxílios e bonificações governamentais disponíveis, como o direito aos saques do PIS e do FGTS. Afinal, toda ajuda é bem-vinda.
Como a Sanus pode ajudar
Ao abraçar o Outubro Rosa de corpo e alma, o RH estreita os laços entre a empresa e suas funcionárias. Com um bom plano de ação e a atitude certa, o setor revela que, aconteça o que acontecer, as mulheres da organização não ficarão sozinhas.
Isso, por si só, já contribui de forma significativa para a construção de um ambiente de trabalho saudável, acolhedor e seguro. No decorrer da jornada, é igualmente importante firmar parcerias que agreguem valor à sua organização e potencializem as medidas tomadas pela área de Recursos Humanos.
A Sanus é a primeira plataforma de benefícios corporativos e flexíveis a oferecer um concierge totalmente dedicado à promoção da saúde física, mental e emocional dos colaboradores. Com nosso time multidisciplinar de saúde, otimizamos a gestão do RH e promovemos o bem-estar de todas as pessoas da organização.
Caminhando a passos largos para nosso quarto ano, já mostramos que é possível melhorar a relação dos beneficiários (colaboradores e seus familiares) com o plano de saúde, reduzir o índice de doenças ocupacionais, aumentar o engajamento e diminuir os gastos com assistência médica — em torno de 20%.
Reunimos o que há de melhor em tecnologia de ponta e em inteligência humana. Com um suporte humanizado e ágil, tratamos cada caso de maneira individualizada e personalizada.
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Para saber mais, fale com a gente e conheça todos os resultados da Sanus.
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Imagem: wayhomestudio on Free