Setembro Amarelo nas empresas: desafios e soluções
Um levantamento feito com 64 países revelou que a saúde mental da população brasileira é a terceira pior do mundo. No Brasil, a ansiedade é patológica em mais de 9% dos casos registrados, enquanto a prevalência da depressão fica acima dos 15%. Os números destacam a importância do Setembro Amarelo nas empresas e em todos os demais setores da sociedade.
Afinal, quase 97% dos episódios de suicídio estão ligados a algum tipo de transtorno mental. Em 2022, tivemos, aproximadamente, 45 suicídios por dia no Brasil. Longe de acontecer da noite para o dia, a ideação suicida costuma ser o ápice de um processo gradativo e autodestrutivo.
Tudo pode começar com algumas noites mal dormidas, alimentação desregulada e desinteresse por atividades que, antes, eram prazerosas. A piora gradual da qualidade de vida, potencializada por eventos particulares traumáticos, pode atingir um nível insuportável.
De fato, a prevenção do suicídio se inicia com a promoção do bem-estar psíquico desde a infância, mas nunca é tarde para colocá-la em prática. Nas organizações, as lideranças de RH e de outras áreas precisam começar a cuidar melhor da saúde mental de seus colaboradores o quanto antes.
A seguir, você confere o que há por trás desse desafio e quais ações implementar na sua empresa!
Autopercepção do problema
Reconhecer a gravidade do problema é etapa fundamental para reverter o elevado índice de desistência da vida. O tema do Setembro Amarelo 2023 reforça essa necessidade: “se precisar, peça ajuda!”
Apesar dos dados que mostramos no início, a maioria dos brasileiros tem dificuldade de perceber que algo vai mal em seu bem-estar mental e emocional.
De acordo com pesquisa Datafolha, um terço da população brasileira relata comprometimento da qualidade do sono, alimentação desequilibrada e sentimentos ansiosos. Já o desinteresse pela realização das atividades cotidianas é manifestado por um quinto dos participantes do estudo.
Contudo, cerca de 70% desse mesmo público acredita que sua saúde mental é boa ou ótima. Há mais de uma possível explicação para esse contraste. Basicamente, as pessoas não enxergam a associação entre alguns fatores (queda da concentração, falta de energia etc.) e a deterioração, mesmo que lenta, da saúde mental.
Além disso, prevalece o equívoco de que problemas vinculados ao bem-estar mental se limitam a distúrbios específicos, como o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), a esquizofrenia e o transtorno afetivo bipolar.
Por sinal, essa autopercepção equivocada das pessoas quanto à saúde mental se repete com relação à saúde física: somente 6% afirmam que ela é ruim ou péssima. De modo geral, é como se o indivíduo estivesse entregue à manutenção de hábitos nocivos, levando a vida em modo automático.
Também é papel da área de Recursos Humanos interromper essa naturalização do agravamento da saúde integral do indivíduo. Além de palestras com especialistas e rodas de conversa, vale a pena criar ou aprofundar a cultura de autocuidado dentro da empresa.
Apoio incondicional ao colaborador
É igualmente essencial estabelecer uma rede de apoio real e com suporte humanizado e personalizado. Embora o discurso, principalmente após a pandemia da Covid-19, seja outro, a realidade corporativa ainda tende a ser cruel com quem sofre de algum transtorno mental ou emocional.
Em linhas gerais, os pedidos de afastamento do trabalho por depressão são malvistos pelas empresas. A questão não é fácil e abrange diferentes aspectos, como a piora de índices sensíveis para os gestores, como o absenteísmo.
Institucionalmente, parece tudo bem pedir um dia de folga por se sentir mal mental ou emocionalmente. No dia a dia, entretanto, os profissionais ficam inseguros, pois se sentem sem credibilidade. Alguns até preferem relatar algo físico, como uma enxaqueca, só para evitar posturas de desconfiança.
Para evitar achismos, nada melhor do que focar os números. Só no Brasil, os transtornos mentais são o terceiro maior motivador de pedidos de afastamento do trabalho.
O dado merece, no mínimo, um mapeamento e monitoramento constante da saúde mental dos funcionários de cada empresa. A definição de uma política acolhedora da organização deve anteceder e se sobrepor a quaisquer julgamentos pessoais dos colegas de trabalho.
Assistência médica e concierge de saúde
Todo esse apoio que comentamos há pouco também inclui a oferta de um plano de saúde que supra as necessidades dos funcionários. Assim como acontece com doenças físicas, os transtornos mentais também requerem um plano voltado à prevenção e promoção da saúde.
Nesse sentido, é necessário garantir o oferecimento de uma rede de atendimento psicológico e psiquiátrico satisfatória — em âmbito presencial e remoto. Há ainda como aprimorar a experiência dos colaboradores com o plano de saúde e diminuir os gastos com assistência médica da empresa.
Para isso, basta contar com um concierge de saúde. Por meio desse serviço, os funcionários têm acesso a um time multidisciplinar de saúde. Via WhatsApp, eles tiram dúvidas sobre especialidades médicas e agendam consultas na unidade mais próxima do trabalho ou residência.
Entre outras funções, as enfermeiras mantêm contato contínuo com os beneficiários, o que aumenta a chance de continuidade e finalização dos tratamentos propostos para cada caso. Para ser realmente eficaz, o concierge precisa oferecer abordagem individualizada.
A iniciativa ajuda a prevenir o surgimento transtornos mentais e a evitar o agravamento de quadros preexistentes. Assim, ao mesmo tempo em que melhora sua relação com os colaboradores, o RH ajuda a empresa a economizar cerca de 20% com o plano de saúde, além de aumentar a produtividade.
A presença de um canal exclusivo para receber atendimento humanizado e personalizado serve como estímulo à busca de auxílio para lidar com algo tão delicado como a degradação da saúde mental e a ideação suicida.
Os resultados mostram que o concierge de saúde é uma solução cada vez mais indispensável para cuidar da saúde integral das pessoas e do RH. Quando a organização coloca o bem-estar físico mental e emocional dos colaboradores em primeiro lugar, o engajamento vem logo em seguida.
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Imagem da capa: Freepik